Depósitos em forte recuperação com crescimento de 4,2% em Março

Montante total de crédito à habitação caiu 0,6%, mas para o consumo disparou 5,8% em relação ao período homólogo.

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O aumento dos depósitos verificou-se a partir do momento em que a rentabilidade dos Certificados de Aforro foi reduzida Antonio Bronic
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Depois das fortes quedas na primeira metade de 2023, em clara fuga para os Certificados de Aforro (CA), os particulares voltaram a deixar boa parte das suas poupanças nos bancos. Em Março, os depósitos registaram um crescimento anual de 4,2%, "a variação mais elevada desde Dezembro de 2022", destaca o Banco de Portugal na informação divulgada esta sexta-feira.

Estas aplicações cresceram mais do dobro do que o observado em Fevereiro (2%) e bem acima dos 0,3% verificados em Janeiro, revelam os dados do (BdP).

O stock de depósitos de particulares nos bancos residentes ascendia a 182,2 mil milhões de euros em Março, mais 800 milhões de euros face ao mês anterior, com os depósitos a prazo a registarem uma aumento de 500 milhões de euros.

O crescimento dos depósitos coincide com a redução das novas aplicações em CA, consequência do corte na sua remuneração, mas também com o aumento da taxa de juros dos novos depósitos a prazo.

No caso dos CA, a série F, a única que aceita novas subscrições desde Junho do ano passado, que tem uma taxa-base de 2,5% (limite máximo, podendo variar em baixa com a queda da Euribor a três meses), os montantes entrados têm ficado abaixo dos resgates, ou seja, com saldo líquido negativo.

Contudo, a remuneração dos novos depósitos começou a cair em Janeiro e em Fevereiro, neste último mês para 2,81%, valor que representa uma descida de 0,27 pontos percentuais face ao máximo atingido no ano passado, de 3,08% (Dezembro). A descida da taxa de remuneração destas aplicações coincidiu com a início de descida das taxas Euribor, referência para os empréstimos, embora quase sem variação nos últimos meses, alimentadas com a esperança de corte das taxas directoras do Banco Central Europeu.

Na vertente do crédito continua a verificar-se uma diminuição do montante total de crédito à habitação, justificado pelo abrandamento nos novos pedidos e por algumas amortizações antecipadas.

O montante total de crédito aos particulares cresceu 0,4% face a Março de 2023, uma variação que acontece pelo segundo mês consecutivo, e que fica a dever-se exclusivamente aos empréstimos ao consumo, uma vez que o crédito à habitação diminuiu.

O saldo dos empréstimos ao consumo atingiu 21,4 mil milhões de euros, mais 100 milhões de euros do que em Fevereiro, e mais 5,8% em relação a Março de 2023. Neste domínio, tem-se verificado um forte aumento dos créditos pessoais (sem finalidade específica), mas também para a compra de automóveis e através dos cartões de crédito e outros descobertos bancários.

Já o “bolo” do crédito à habitação estava em 99 mil milhões de euros, mais 200 milhões de euros do que em Fevereiro, o que representa um decréscimo de 0,6% face ao valor registado em Março de 2023.

O “pico” da carteira de crédito para compra de casa verificou-se em Dezembro de 2022, quanto ascendeu a 100.301 milhões de euros, iniciando uma descida desde então. A forte subida das taxas Euribor travou os empréstimos e incentivou algumas famílias a pagar antecipadamente parte ou a totalidade dos empréstimos. A par da subida do custo do dinheiro (taxas Euribor, mas também as mistas e fixas), o elevado preço das casas também tem sido um entrave a aquisições com recurso a crédito.

Menos crédito às empresas

Nas empresas, verificou-se uma subida mensal nos depósitos, com o stock a totalizar 64 mil milhões de euros no final de Março, mais 1,2 mil milhões de euros do que em Fevereiro de 2024. A variação homóloga foi negativa em 1,2%, mas inferior, no entanto, à verificada em Fevereiro (que tinha sido de 1,6%).

Já o crédito às empresas totalizava 72,8 mil milhões de euros no final do mês passado, não se verificando alterações face a Fevereiro. Mas, relativamente ao valor registado em Março de 2023, os empréstimos diminuíram 0,8%.

Os dados do BdP mostram que, tendo em conta a dimensão, os empréstimos concedidos às microempresas cresceram em termos anuais (4,2%), mas nas restantes tipologias (pequenas, médias e grandes empresas) apresentaram taxas de variação negativas.

Por sectores, o crédito das empresas das indústrias e electricidade e do comércio, transportes e alojamento registaram taxas de variação anual negativas, de -3,0% e -2,6%. Em sentido contrário, o sector da construção e das actividades imobiliárias registou uma taxa de variação anual positiva de 1,8%, ainda assim inferior à observada em Fevereiro passado (2,1%).

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