PJ detém fundador de site de criptomoedas em operação com FBI
Norte-americano está em prisão preventiva a aguardar extradição para os EUA.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve, em Lisboa, um cidadão norte-americano suspeito de participar no branqueamento de fortunas de origem criminosa, através do site Samurai Wallet, de que era co-fundador. O homem ficou em prisão preventiva, depois do primeiro interrogatório judicial, e aguarda a extradição para os Estados Unidos da América (EUA).
Foi uma operação que decorreu em vários países, sob a coordenação do FBI, autoridade de investigação federal norte-americana e que, segundo o Jornal de Notícias (JN), que esta sexta-feira avança com a notícia, tinha levado já à detenção, nos EUA, de um outro co-fundador do site que se dedica à transacção de criptomoeda, Keonne Rodriguez, de 35 anos. Agora, foi a vez de William Lonergan Hill, de 65 anos, ser detido em Portugal, após um trabalho desenvolvido pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da PJ, com a colaboração Divisão de Investigação Criminal da Receita Federal (IRS-CI) dos EUA, que envolveu ainda várias buscas domiciliárias na zona da Grande Lisboa, que culminaram com a “apreensão de bens materiais de elevado valor monetário e de um acervo de bases de dados que permitirão determinar a total abrangência dos factos e a cabal incriminação dos autores”, esclarece a PJ em comunicado.
A operação Samourai visou directamente a empresa fundada pelos dois detidos. O homem que deverá, agora, ser extraditado de Portugal para os EUA, era o administrador de uma carteira de criptoactivos e “é o principal suspeito de uma rede usada em larga escala para branqueamento de capitais, que prestava vários serviços aos seus clientes com o intuito de branquear os rendimentos provenientes de actividades ilícitas”, refere a PJ no comunicado divulgado esta sexta-feira.
As autoridades suspeitos que, através da empresa, terão sido movimentados quase dois mil milhões de dólares, que seriam “usados em transacções Ricochet, uma plataforma de troca de criptoactivos, que se dedica ao desenvolvimento de soluções exclusivas que permitem aos usurários investir os seus activos criptográficos em tempo real”, diz a PJ.
Entre os serviços prestados pela Samourai Wallet estava um denominado “Whirlpool”, que permitia misturar criptomoedas de diferentes proveniências, envolvendo “fundos potencialmente identificáveis ou ‘contaminados’ com outros, de modo a apagar o rasto e impossibilitar a identificação originária, bem como o seu congelamento pelas autoridades”. Um advogado ouvido pelo JN explicou que esta procedimento de mistura de criptomoedas torna mais difícil a identificação do fluxo transaccional, através da blockchain.