Israel bombardeia Norte e Sul de Gaza e sinaliza preparativos para operação em Rafah

Exército do Estado hebraico indica preparativos para ataque a Rafah, responsáveis israelitas reúnem-se com norte-americanos para discutir a questão.

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Ruínas de uma casa destruída por um ataque israelita em Rafah Mohammed Salem/REUTERS
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Com a atenção desviada para já do Irão, prevendo-se que uma resposta israelita será mais provável após o fim da celebração da Pessah, a Páscoa Judaica, que termina a 30 de Abril, a Faixa de Gaza foi alvo de fortes bombardeamentos a norte mas também a sul, incluindo um ataque em Rafah em que morreram pelo menos 11 pessoas, entre elas cinco crianças. E Israel enviou vários sinais de preparação para uma incursão em Rafah, de que fala desde o início de Fevereiro.

Na quarta-feira, a Força Aérea de Israel atacou mais de 40 locais em Gaza, e combatentes palestinianos dizem ter levado a cabo 14 ataques contra forças israelitas no terreno, enquanto, após a retirada do campo de refugiados de Nusseirat, equipas de socorristas tentavam retirar pessoas dos escombros da destruição deixada pela operação terrestre.

Havia entretanto relatos da deslocação de mais carros de combate e veículos blindados israelitas para zonas perto de Rafah, e o Exército israelita confirmou a compra de 40 mil tendas para a evacuação da cidade, segundo o diário britânico The Guardian, o que contribuiu para o medo de uma operação que há muito Israel diz querer levar a cabo no último grande centro urbano de Gaza que não foi ainda alvo de um ataque terrestre e onde estarão quatro batalhões do Hamas.

O movimento islamista de Gaza afirmou entretanto ao jornal saudita Al Sarq que as conversações sobre libertação de reféns e um cessar-fogo “não chegaram a um beco sem saída”, depois de na véspera o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani ,ter dito que estava a reavaliar o seu papel de mediador por estar a ser usado “para interesses políticos”. No mesmo dia, o país dizia que as negociações estavam “numa fase delicada”.

O jornal do Qatar Al-Araby Al-Jadeed citava, por seu lado, uma fonte egípcia, dizendo que os Estados Unidos tinham concordado com uma operação militar israelita em Rafah em troca de uma resposta limitada contra o Irão.

O site Axios e a agência Reuters davam conta de uma reunião de alto nível entre EUA e Israel para discutir uma potencial operação em Rafah – o segundo encontro deste género, o anterior ocorreu a 1 de Abril. Os EUA têm insistido na necessidade de planos para as pessoas, já que a maioria dos deslocados em Gaza está em Rafah, além da população original da cidade (estarão entre um milhão e 1,4 milhões de pessoas no local, a população original era estimada em cerca de 275 mil).

Uma resposta israelita ao Irão esteve para acontecer duas vezes, a última delas na segunda-feira, mas foi suspensa, dizia ainda o site norte-americano Axios.

O New York Times noticia que o desconforto dos Estados Unidos, por só terem sabido com pouca antecedência do plano israelita para assassinar um importante general iraniano em Damasco, acrescentando que, de acordo com responsáveis americanos e israelitas, Israel calculou mal o que seria a força da resposta iraniana.

Essa é uma crítica feita nestes dias pela imprensa israelita, que diz que, tal como no caso do Hamas a 7 de Outubro, a avaliação israelita teve apenas em conta comportamentos passados para prever o que poderiam ser as acções futuras, falhando assim redondamente as previsões. “Não há como fugir do facto de que os serviços secretos israelitas simplesmente não previram a resposta iraniana”, escreveu no Haaretz o especialista em questões militares e de defesa Amos Harel.

O ataque iraniano de sábado foi apresentando como um falhanço por não ter praticamente causado danos nem vítimas (uma criança beduína ainda está em estado grave), mas exigiu uma coordenação sem precedentes de Israel e aliados (a Jordânia, por exemplo, abateu projécteis que passaram sobre o seu território).

Se, por um lado, o ataque mostrou limites à capacidade iraniana, por outro, mostrou a enorme exigência de defesa que apresenta para Israel e, sobretudo, um empenho de países árabes que seria difícil de repetir.

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