Tesla reduz 10% da força laboral em todo o mundo

Dois vice-presidentes da empresa abandonaram os cargos depois da decisão que pode implicar a perda de 15 mil postos de trabalho.

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As vendas da Tesla caíram 8,5% no começo do ano SEBASTIÃO ALMEIDA
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A diminuição das vendas no primeiro trimestre deste ano e o aumento da competição pelo preço no segmento dos veículos eléctricos está a justificar um corte do número de trabalhadores na Tesla. A empresa fundada por Elon Musk vai dispensar 10% da força laboral, segundo noticiaram vários meios de comunicação como a Reuters, citando um email enviado pelo empresário aos trabalhadores.

O site especializado Electrek refere que estão em causa 15 mil postos de trabalho. Num email enviado aos trabalhadores, que o Electrek reproduziu, o patrão da Tesla, Elon Musk, começa por relembrar que a empresa expandiu-se rapidamente a nível mundial, com a abertura de diversas fábricas.

“Com este rápido crescimento, tem havido uma duplicação de papéis e funções em determinadas áreas. À medida que preparamos a empresa para a nossa próxima fase de crescimento, é extremamente importante analisar todos os aspectos para reduzir custos e aumentar a produtividade”, refere o email assinado por “Elon”.

Musk diz que houve uma “análise exaustiva da organização” e que a gestão tomou “a difícil decisão” de reduzir o número de funcionários “em mais de 10% a nível global. Não há nada que eu deteste mais, mas tem de ser feito. Isto permitir-nos-á ser enxutos, inovadores e ansiosos pelo próximo ciclo da fase de crescimento.”

Agradecendo aos que vão sair, o multimilionário deixou a garantia a quem fica que a empresa está a “desenvolver algumas das tecnologias mais revolucionárias nos sectores automóvel, energético e da inteligência artificial”.

A Tesla anunciou este mês que as vendas caíram 8,5% no primeiro trimestre deste ano (entregou 386.810 veículos) face aos três meses anteriores, um desempenho que não se verificava desde o segundo trimestre de 2020 e que superou a diminuição prevista em Wall Street. Em reacção ao anúncio dos despedimentos e das demissões, os títulos da Tesla estavam nesta segunda-feira a cair 2,63%, para 166,55 dólares, na bolsa de Nova Iorque.

Foi precisamente através da rede social X, controlada por Musk, que chegou a público mais uma evidência do momento tumultuoso que se vive na companhia automóvel: o vice-presidente da empresa, Drew Baglino, o principal engenheiro da Tesla e responsável pelo desenvolvimento das baterias, anunciou a sua demissão.

Paralelamente, a Bloomberg noticiou que outro vice-presidente da empresa, Rohan Patel, com o pelouro da política pública e do desenvolvimento de negócio também decidiu abandonar o cargo.

Segundo o Electrek, Baglino foi um dos primeiros trabalhadores da Tesla, sendo próximo de JB Straubel, outro co-fundador, até este deixar a equipa executiva, em 2019.

Na publicação no X, Baglino não explica por que motivo sai da companhia automóvel, refere apenas que tomou “a difícil decisão de deixar a Tesla, ao fim de 18 anos”.

A saída destes dois executivos de topo “sinaliza que a fase de maior crescimento da Tesla enfrenta sérios obstáculos”, afirmou à Reuters Michael Ashley Schulman, da casa de investimentos Running Point Capital Advisors. Segundo este responsável, a saída dos dois gestores é o “sinal mais negativo” do dia de hoje, mais até do que o corte de postos de trabalho.

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