Vídeos manipulados e descontextualizados sobre ataque iraniano enchem redes sociais

Vários vídeos têm sido publicados com indicações que os relacionam ao ataque iraniano em Israel. No entanto, muitos vídeos são antigos e outros nem sequer foram gravados no Médio Oriente.

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Vários conteúdos publicados no X, apesar das descrições, contêm imagens que não são relacionadas com o conflito EPA
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A desinformação em torno do ataque iraniano contra Israel e da nova escalada de tensão no Médio Oriente tem invadido as redes sociais desde a noite deste sábado. Não são precisos longos scrolls para que o utilizador comum se cruze com vídeos de mísseis a serem lançados, explosões e de pessoas a, aparentemente, fugirem dos ataques. No entanto, nem todas as imagens são o que parecem.

À medida que se multiplicam os conteúdos relacionados com o conflito nas redes sociais, também os vídeos manipulados e as imagens colocadas fora de contexto têm sido difundidas em massa.

Este domingo, por exemplo, uma utilizadora do X (antigo Twitter, como ainda lhe chamam) publicou um vídeo em que se vê o que parecem ser vários mísseis a serem lançados. Na descrição, a autora da publicação — que já soma mais de 26 mil visualizações — escreveu: “Televisão iraniana emitiu este vídeo do ataque contra Israel na noite passada.” Na caixa de comentários, no entanto, há um perfil que diz que o vídeo terá sido publicado em 2015, não tendo nada que ver com o conflito actual.

Depois de capturar alguns frames do vídeo e de realizar uma reverse image search ("pesquisa de imagens inversa", em tradução livre), o PÚBLICO confirmou que o vídeo é mais antigo do que a publicação leva a crer. Foi encontrado um vídeo no Facebook, mais longo do que o do X, que contém as imagens referidas acima. A publicação foi feita a 15 de Julho de 2022.

Não é, de todo, a única situação em que um vídeo é publicado fora de contexto, com uma descrição enganadora. Nesta segunda-feira de manhã, mais de duas mil pessoas já tinham visto um outro vídeo bastante semelhante, publicado no X. “Últimas: Irão está a lançar mísseis e drones para Israel”, lê-se na descrição que acompanha as imagens.

Acontece que o vídeo terá sido gravado há, pelo menos, seis meses. A 9 de Outubro, foi publicado por uma outra conta de X, na plataforma, mas com uma descrição que indicava tratarem-se de rockets do Hamas” lançados em direcção a um aeroporto israelita.

Noutras situações, os conteúdos publicados, apesar dos textos enganadores que os acompanham, nem sequer foram gravados no Médio Oriente. É o caso de um vídeo de um incêndio que surge acompanhado por um texto que alega que “as Nações Unidas condenam o ataque do Irão em Israel” e nunca “condenaram fortemente o ataque da população israelita em Gaza”.

Aqui, o vídeo nem está relacionado com a descrição, nem foi, ao que tudo indica, gravado no mesmo continente, sequer. A 3 de Fevereiro, a página Disaster Tracker partilhou um vídeo praticamente idêntico, indicando que terá sido gravado no dia anterior. Aparentemente, as imagens dos fogos foram gravadas perto de Villa Alemana, na região de Valparaíso, no Chile. Um jornal equatoriano utilizou uma imagem do mesmo vídeo numa notícia publicada no dia 2 de Fevereiro sobre os incêndios.

Também têm circulado pelo X imagens de uma multidão que parece estar em fuga desenfreada, na sequência do ataque iraniano.

Há utilizadores da plataforma que negam que o vídeo tenha sido gravado em Israel, dizendo que as imagens mostram uma zona de Buenos Aires, perto do Hotel Four Seasons. As pessoas que correm, não estarão a fugir, de acordo com as notas da comunidade. Serão fãs do cantor Louis Tomlinson, ex-One Direction.

O PÚBLICO, com recurso à morada do hotel e ao Google Maps, verificou, através da posição dos edifícios, passadeiras e semáforos que as imagens foram recolhidas, efectivamente, na Argentina, perto do hotel. Não foi possível, porém, verificar a situação em que o vídeo foi captado.

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