Governo mantém silêncio sobre encontro com ministro do Irão

O embaixador português em Teerão encontrou-se com o responsável iraniano, este domingo. Em causa está o desvio do porta-contentores MSC Aries, navio com bandeira portuguesa, por forças iranianas.

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Uma imagem do MSC Aries captada através de um vídeo divulgado sábado, quando o navio foi desviado pelo Irão Reuters
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O embaixador de Portugal em Teerão reuniu-se este domingo com o chefe da diplomacia do Irão por causa do aprisionamento, no sábado, do porta-contentores MSC Aries, navio com bandeira portuguesa, por forças iranianas, mas, tendo em conta o clima de alta tensão no Médio Oriente que envolve Israel e o Irão, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português entende “manter reserva” relativamente ao incidente que aconteceu no sábado, perto do estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico.

Segundo a Lusa, que cita uma fonte do Palácio das Necessidades, “é aconselhável manter reserva, atendendo ao novo contexto e à sensibilidade da situação. Quanto a um eventual agravamento das medidas diplomáticas face ao incidente, a mesma fonte admitiu que essa hipótese não está excluída, tendo em conta o “constante acompanhamento e evolução” da situação.

No sábado, em conferência de imprensa, o ministro Paulo Rangel disse que o que aconteceu configura uma situação de “violação grosseira dos direitos internacionais pelo Estado iraniano. Tendo o navio pavilhão português, o Governo tem a obrigação de reclamar a libertação imediata do navio e de todos os tripulantes – a maioria é de nacionalidade indiana. Neste contexto, o embaixador português em Teerão pediu uma audiência com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, que decorreu na manhã deste domingo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) está preocupado com a comunidade portuguesa em Israel. Um dia depois de o Irão ter lançado drones e mísseis contra Israel, numa operação a que chamou Promessa Verdadeira, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, garantiu que o MNE está preparado para, “no caso de ser necessário”, fazer uma “operação de evacuação” para retirar portugueses que estão em Israel e que queiram vir embora. “Se for necessário ir lá buscar pessoas, nós estamos preparados para o fazer, porém só podemos ir buscá-las se for em articulação com os nossos parceiros da União Europeia e, sobretudo, em articulação com as autoridades locais israelitas, mas por agora a questão não se coloca”, declarou José Cesário.

Segundo o governante, da parte da comunidade portuguesa em Israel não houve até ao momento qualquer espécie de pedido de ajuda, seja de que tipo for. “A comunidade portuguesa em Israel é muito grande - é uma comunidade fundamentalmente luso-israelita -, mas são quase todos residentes locais. São pessoas que estão perfeitamente habituadas a estas coisas, e é muito provável que não recorram a nós, acrescentou.

Em conversa telefónica com o PÚBLICO este domingo, José Cesário revelou também que foram referenciados 13 turistas e mais 12 pessoas que estudam ou trabalham em Israel. “Efectivamente essas pessoas já nos contactaram para dizerem que estão lá, mas em momento algum esteve equacionada qualquer espécie de procedimento especial que possa vir a passar por uma eventual evacuação", disse.

Já relativamente ao Irão, o membro do Governo assegurou que “até ao momento foi referenciado um grupo de 47 turistas. “Tanto quanto sabemos, essas 47 pessoas estarão já a sair do Irão por via terrestre para a Turquia. Há ainda mais algumas pessoas inscritas na nossa secção consular de Teerão, mas até ao momento ninguém nos pediu ajuda e até pode dar-se o caso de não estarem no Irão”, disse José Cesário.

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