Artista intervém em estátuas femininas com seios gastos como exemplo do assédio na Alemanha

Representações de mulheres nuas em lugares públicos apresentam manchas sexualizadas após anos de toques direccionados. Berlim, Munique e Bremen têm placas com códigos QR para explicar problema.

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A instalação em Bremen Terre des Femmes
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"O assédio sexual deixa marcas". Esta frase, estampada em enormes cartazes brancos, foi colocada em três cidades alemãs atrás de estátuas de bronze de mulheres nuas cujos seios se tornaram visivelmente mais claros por terem sido tocados com frequência durante muitos anos. A acção é parte da campanha Unsilence the violence (“Tirar a violência do silêncio”, em tradução livre), lançada pela organização alemã de defesa dos direitos das mulheres Terre des Femmes.

Segundo o grupo, duas em cada três mulheres são assediadas sexualmente em algum momento das suas vidas.

"O assédio sexual é um problema trivializado ou ignorado com demasiada frequência", afirmou em comunicado a porta-voz da Terre des Femmes, Sina Tonk. "Temos de trabalhar juntas para assegurar que as vozes das vítimas sejam ouvidas e que os perpetradores sejam responsabilizados."

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Munique Terre des Femmes

Os cartazes foram colocados atrás da estátua de Julieta Capuleto na praça Marienplatz, em Munique; da Jovem, no museu Hoetgerhof de Bremen; e da Senhora Reno, que faz parte da fonte de Neptuno, localizada no centro de Berlim.

Décadas de "apalpões" dos transeuntes

Quem passar pelas obras pode agora usar um código QR para ouvir gravações que fazem com que as estátuas possam “falar”. Os cartazes, colocados na dia 5, deverão ser retirados na tarde de segunda-feira, 15, tendo a sua instalação sido devidamente autorizada por um prazo de dez dias.

As imagens das estátuas mostram que os seios das mulheres imortalizadas em bronze ou outros materiais possuem uma cor mais clara em relação ao restante da obra, o que sinaliza onde elas "são tocadas com maior frequência", disse a porta-voz da organização não-governamental.

As três estátuas "demonstram visivelmente as décadas de ataques dos transeuntes" que deixaram marcas, "assim como ocorre com as pessoas afectadas pela violência sexualizada".

Há mais de 40 anos que a Terre des Femmes realiza campanhas contra violações dos direitos humanos de meninas e mulheres e a discriminação de género.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de São Paulo

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