Não, o TikTok não está a recrutar trabalhadores. É uma burla

Burlões prometem rendimentos diários até 800 euros, pedindo às vítimas para aderir a grupos no WhatsApp. Não entre nestes grupos e não clique nos links que ali são partilhados.

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A PSP confirma que já recebeu várias queixas. Burlões não têm qualquer relação verdadeira com o TikTok DR
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Há uma nova burla: nos últimos dias, várias pessoas têm recebido chamadas ou mensagens de alguém que se apresenta como um funcionário do TikTok que está supostamente à procura de 100 novos trabalhadores online. São prometidos rendimentos diários entre 50 a 800 euros e, para tal, é dito que basta juntar-se a um grupo do WhatsApp. Por muito tentador que seja, não o faça.

“Devemos desconfiar de ofertas fantásticas à partida, da mesma forma que desconfiaríamos se alguém nos viesse oferecer um Ferrari na rua, no mundo real”, aconselha Bruno Castro, CEO da Visionware, empresa especializada em segurança da informação.

E sim, até é verdade que o TikTok – o verdadeiro – chegou a dada altura a oferecer dinheiro a utilizadores que convidassem amigos para utilizar a aplicação. Mas o que está a acontecer agora é uma burla, executada por criminosos que não têm qualquer relação real com o TikTok.

A má notícia é que é “muito difícil evitar” receber estas chamadas ou mensagens fraudulentas, mesmo que se tenha cuidado nos sítios onde se deixam dados pessoais. Grupos de hackers atacam empresas e roubam os contactos e registos destas, ou compram grandes bases de dados à venda na dark web. A partir daí, tentam contactar as pessoas que delas constam.

O segredo para chegar às vítimas, explica Bruno Castro, está na grande escala do ataque. Se uma base de dados tiver 100.000 pessoas e apenas 1% cair no engodo, são mil lesados: “muitas vítimas, mesmo que a percentagem seja baixa”, diz o especialista.

Ainda que possam não parecer – pela escrita estranha das mensagens ou pela voz robótica que se ouve nas chamadas no caso desta nova burla – estas são “acções mecanizadas muito profissionais”, que se dividem essencialmente em três fases.

A primeira: criar uma oferta altamente atraente (ou uma preocupação que possa chegar a um grande número de indivíduos). É o exemplo do tal trabalho online muito bem pago que é referido nesta burla, mas que não existe.

Se se passar desta primeira fase – no caso específico desta burla, se se entrar no link de um grupo onde supostamente estarão os outros candidatos à mesma vaga – vai haver uma tentativa de criar confiança e credibilidade através de uma comunicação constante. Essa é a segunda fase – enviam-se vídeos e perfis de TikTok, pede-se para colocar um like e a vítima fica numa zona intermédia pré-fraude.

Por fim, chega a fraude propriamente dita, o golpe. Há “mais de 30 mil formas” de enganar quem chega até esta terceira fase. Neste caso, em que a mensagem inicial promete um trabalho no TikTok, o CEO da Visionware descreve duas situações possíveis. Os burlões podem enviar um link que alegam ser do site de registo na empresa (mas não é, é um golpe de phishing, para recolher dados das vítimas), ou pedem para descarregar e instalar um software supostamente necessário para trabalhar ou receber pagamentos. Nesta fase, as vítimas cedem dados pessoais como o número de Cartão de Cidadão, Número de Identificação Fiscal, IBAN, número de cartão de crédito, entre outros, muitas vezes sem questionar os pedidos ou pensar no perigo da acção.

E é aí que o pior pode acontecer, como o desvio de dinheiro da sua conta.

Contactada pelo PÚBLICO, a Polícia de Segurança Pública confirmou que já recebeu várias queixas relativas a esta nova burla. Em comunicado, a PSP deixa algumas recomendações genéricas que também se aplicam a este caso:

  • Evite responder a mensagens de texto não solicitadas e bloqueie ou denuncie a pessoa que as envia.
  • Desconfie de qualquer conselho de investimento que prometa lucros significativos e imediatos. Evite partilhar informações pessoais e financeiras com um contacto online.
  • Desconfie de promessas irrealistas e bloqueie o contacto.
  • Garanta sempre que está a utilizar um site/aplicação fidedigna.
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