Museólogo Luís Raposo: Dalila Rodrigues “é uma pessoa que conhece os dossiers”
A historiadora de arte foi indicada para ministra da Cultura do XXIV Governo Constitucional.
O museólogo Luís Raposo afirmou-se satisfeito por o Ministério da Cultura se manter na orgânica do novo governo, apresentada hoje ao Presidente da República pelo primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, e por ter escolhido "uma pessoa que conhece os dossiers".
A historiadora de arte Dalila Rodrigues, directora do Mosteiros dos Jerónimos e da Torre de Belém desde 2019, que tem sido uma defensora do mecenato e da autonomia dos museus, foi indicada para ministra da Cultura do XXIV Governo Constitucional.
Dalila Rodrigues "vem da área dos museus e conhece bem as pastas do património", disse o ex-director do Museu Nacional de Arqueologia à agência Lusa.
Luís Raposo, arqueólogo, membro do Conselho Executivo do ICOM - Conselho Internacional de Museus, que falava a título pessoal, referiu, entre os dossiers nas mãos da próxima ministra, as reformas na área dos museus e património, lançada no passado dia 01 de Janeiro, com a cisão da antiga Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) no instituto público Património Cultural, e na entidade pública empresarial Museus e Monumento de Portugal. "Mas há que esperar para ver", disse Luís Raposo.
A DGPC resultou da fusão do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) com o Instituto dos Museus e da Conservação, empreendida em 2011, pelo Governo de coligação PSD-CDS/PP liderado por Pedro Passos Coelho.
Luís Raposo afirmou concordar com a autonomia dos museus, nomeadamente na gestão das suas receitas, e com a descentralização de competências para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. Alertou porém para a necessidade de "haver uma política nacional de património" e recomendou uma maior fiscalização, discordando que o novo instituto público Património Cultural tenha sede no Porto.
O próximo governo será o terceiro liderado pelo PSD, ou deste partido em coligação com o CDS, a ter um ministério próprio da Cultura. Nos oito anteriores, apenas dois tiveram ministérios da Cultura, enquanto outros três fundiram a pasta da Cultura com a Educação, com a Coordenação Científica ou com a Igualdade e Cidadania. Nos restantes três mandatos, a pasta da Cultura esteve integrada na Presidência do Conselho de Ministros, sob alçada do primeiro-ministro.
Foi o caso do mandato da Aliança Democrática (AD), entre Janeiro de 1980 e Setembro de 1981, com governos liderados por Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Pinto Balsemão; do mandato dos governos de Cavaco Silva, de Agosto de 1987 a Outubro de 1995; e o mandato do Governo de Pedro Passos Coelho, entre Junho de 2011 e Outubro de 2015.
No terceiro governo liderado por Cavaco Silva, a Secretaria de Estado da Cultura, durante grande parte do período de 1991 a 1994, foi liderada por Pedro Santana Lopes, que dispôs de dois subsecretários de Estado da Cultura.
Os ministros de governos PSD que até hoje assumiram pastas da Cultura foram Pedro Roseta (Abril de 2002 a Julho de 2004) e Maria João Bustorff (de Julho de 2004 a Março de 2005).
Francisco Lucas Pires foi ministro da Cultura e Coordenação Científica no governo da AD, entre Setembro de 1981 e Junho de 1983, João de Deus Pinheiro foi ministro da Educação e Cultura no primeiro governo liderado por Cavaco Silva, entre Novembro de 1985 e Agosto de 1987, e Teresa Morais assumiu a pasta de ministra da Cultura, Igualdade e Cidadania entre Outubro de 2015 e Novembro de 2015, no governo de coligação PSD-CDS/PP Portugal à frente, liderado por Passos Coelho.
O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, e os ministros do XXIV Governo Constitucional tomam posse na terça-feira e os secretários de Estado dois dias depois, estando o debate do programa de Governo marcado para 11 e 12 de Abril.