TAP fecha 2023 com um lucro recorde de 177,3 milhões de euros

Resultado líquido da companhia aérea representa um forte crescimento face aos 65,6 milhões de 2022. Também as receitas superaram os quatro mil milhões de euros pela primeira vez na história.

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Luís Rodrigues apresenta os primeiros resultados anuais à frente da TAP Daniel Rocha
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A TAP terminou o ano passado com indicadores históricos de desempenho: um lucro recorde de 177,3 milhões de euros e receitas de 4,2 mil milhões de euros, pela primeira vez acima da fasquia dos quatro mil milhões. No caso dos lucros, trata-se de um crescimento substancial face aos 65,6 milhões registados no ano anterior. Nas receitas, a melhoria foi de 20,9%.

De acordo com o comunicado divulgado pela TAP nesta quarta-feira, o presidente-executivo da companhia, Luís Rodrigues, sublinha que “os bons resultados de 2023 confirmam o caminho de recuperação efectuado nos últimos anos pela TAP”. “Recorde de receitas, ultrapassando a marca dos quatro mil milhões, margens operacionais robustas e resilientes, e uma clara trajectória de desalavancagem, confirmam a solidez financeira do grupo”, completa.

Nos indicadores financeiros, a TAP apresentou um EBITDA de 871,6 milhões, com uma margem de 21%, sinais que traduzem a capacidade da companhia de gerar dinheiro pela sua operação e que representam uma melhoria de 113,4 milhões ou 15,0% em comparação com 2022. Já a liquidez da empresa fixou-se nos 789,4 milhões de euros, atingindo um rácio de 2,6x a dívida, uma melhoria face aos 3,5x do final de 2022. A dívida financeira total desceu 11% para os 1440,4 milhões de euros, sendo que a dívida financeira líquida caiu 7,3% para os 651,1 milhões de euros.

Em 2023, a TAP transportou 15,9 milhões de passageiros, mais 15,2% do que no ano anterior e 93% dos passageiros transportados em 2019, o último ano completo antes da pandemia. Os voos operados aumentaram em 11% e chegaram a 88% dos níveis pré-pandemia.

As receitas medidas pela multiplicação dos passageiros transportados com os quilómetros voados (RPK) cresceram 16%, para os 5892 milhões de euros.

Em termos de rentabilidade da operação, o ASK — indicador “lugar-quilómetro”, que mede o número de lugares à venda multiplicados pelos quilómetros voados — cresceu 14,9%, para os 45.960 milhões de euros. Já o PRASK — indicador que avalia as receitas obtidas por passageiro em relação ao “lugar-quilómetro” — aumentou face a 2022 em 9,1%, para os 7,30 cêntimos e subiu 31,5% em relação a 2019.

O CASK, custos operacionais divididos por lugar quilómetro, cresceu em 3%, para 7,25 cêntimos, embora excluindo o combustível o aumento tenha sido de 104% para os 5,14 cêntimos (mais 10% face a 2019). Os custos operacionais recorrentes foram de 3829,0 milhões, mais 18,3% do que em 2022. “Esta variação resulta principalmente do aumento dos custos com o pessoal (+148,0 milhões ou 121,0%) devido à continuação da reposição da maioria dos cortes sobre as remunerações e novos acordos de empresa”, mas também "do aumento dos custos operacionais de tráfego (+44,0 milhões), reflectindo maiores níveis de actividade" e o consequente aumento da despesa com combustíveis, explica a empresa em comunicado.

Ainda numa comparação com o pré-pandemia, a capacidade da companhia superou os níveis de 2019 e atingiu os 101%, mais 14,9% do que no ano anterior, ao passo que o load factor (número total de passageiros dividido pelo lugar-quilómetro) cresceu 0,8 pontos percentuais, para os 80,8%, uma melhoria de 0,7 pontos percentuais também face a 2019.

Ainda assim, no quarto trimestre do ano passado, este indicador sofreu uma ligeira quebra de 4,7%, assim como o PRASK (-5,7%), um desempenho operacional negativo que fez com que este trimestre se tenha traduzido num prejuízo de 26,2 milhões (face ao lucro de 156,4 milhões do período homólogo), o que acabou por travar um resultado anual ainda mais histórico. Para este trimestre negativo também contribuiu o aumento dos custos com pessoal na sequência da assinatura dos novos acordos laborais.

No mesmo comunicado, Luís Rodrigues destaca ainda “o aumento da pontualidade e da regularidade na segunda metade do ano, bem como do NPS (que mede o índice de satisfação do cliente) e acrescenta ainda que a “assinatura dos novos acordos de empresa confirma o reconhecimento e o compromisso perante os nossos trabalhadores”, deixando no entanto um alerta: “2024 será um ano desafiante, que testará o foco da organização, para o qual necessitamos do compromisso de todos.”

Estes resultados são obtidos numa altura em que a TAP tem em curso um processo de privatização cujos próximos passos já serão dados pelo novo Governo que sair das eleições do passado dia 10 de Março. E o lucro recorde é também alcançado no exercício em que a empresa se envolveu em casos polémicos com duas gestoras de topo (Alexandra Reis e Christine Ourmières-Widener) na sequência de processos de saída conturbados, cujo desfecho ainda corre o seu curso nos tribunais.

Refira-se que a TAP chega a este exercício depois de um significativo apoio público do Estado ainda em curso, de mais de três mil milhões de euros. Sobre este tema, o comunicado dos resultados esclarece que, a “4 de Janeiro de 2024, o accionista executou a segunda tranche do aumento de capital no valor de 343 milhões de euros, estando prevista para 20 de Dezembro de 2024 a realização da última tranche também no valor de 343 milhões de euros”.

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