Estudo sugere que as pessoas transmitem mais vírus aos animais do que o contrário

Cientistas analisaram quase 12 milhões de genomas de vírus e reconstruíram as histórias evolutivas e as transições passadas de hospedeiros de vírus em 32 famílias virais.

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As pessoas transmitem mais vírus aos animais domésticos e selvagens do que o contrário DAVID SWANSON/Reuters
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Um estudo divulgado esta segunda-feira sugere, com base numa extensa análise da informação genética de vírus, que as pessoas transmitem mais vírus aos animais domésticos e selvagens do que o contrário.

O estudo, conduzido por cientistas da universidade britânica University College de Londres e publicado na revista da especialidade Nature Ecology & Evolution, baseou-se na análise de quase 12 milhões de genomas de vírus disponíveis em bases de dados públicas.

A partir desses dados, os autores do estudo reconstruíram as histórias evolutivas e as transições passadas de hospedeiros de vírus em 32 famílias virais e procuraram as partes dos genomas virais que adquiriram mutações durante essas transições de hospedeiros.

Os cientistas verificaram um padrão consistente na maioria das famílias virais consideradas: cerca de duas vezes mais transições de hospedeiros foram inferidas como sendo de pessoas para animais e não o contrário, refere a University College de Londres em comunicado.

O estudo concluiu que, em média, as transições de hospedeiros virais estão associadas a mutações genéticas nos vírus, traduzindo como os vírus se adaptam para explorar melhor os seus novos hospedeiros.

Os autores do trabalho consideram que a monitorização da transmissão de vírus entre animais e pessoas permitirá compreender melhor a evolução dos vírus e preparar melhor o mundo para futuros surtos, epidemias e pandemias.

A equipa da University College salienta que se um vírus transmitido por humanos infectar uma nova espécie animal o vírus poderá continuar a ser bem-sucedido mesmo se for erradicado entre os humanos, ou poderá desenvolver novas adaptações antes de acabar a infectar humanos novamente.