O adeus de Augusto Santos Silva e a erosão da democracia
Sim, é uma tremenda ironia, e um justo castigo dos céus, que Santos Silva tenha sido afastado do Parlamento por causa dos votos no Chega.
Talvez a verdadeira cerca sanitária seja esta: entre aqueles que acham que o Chega trouxe a erosão da democracia, e aqueles que acham que a erosão da democracia trouxe o Chega. Não é o problema do ovo e da galinha. Nós sabemos o que veio primeiro. Existe uma cronologia fácil de identificar, e não é por acaso que aqueles que foram mais furiosamente anti-socráticos entre 2005 e 2011 – eu próprio, mas também José Manuel Fernandes ou Helena Matos, só para citar dois nomes que nessa altura escreviam neste jornal – sejam hoje as pessoas que mais repudiam a tese das linhas vermelhas. Não porque tenham alguma paixão pelo Chega, ou porque acreditem que alguma brilhante solução para o país vá sair da cabeça de André Ventura, mas porque lhes repugna o cheiro a hipocrisia disto tudo.
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