Suspeito de matar Marielle Franco identificou quem o contratou

O ex-polícia Ronnie Lessa fez uma delação premiada e forneceu pormenores que podem aproximar a investigação que se arrasta há seis anos da sua conclusão.

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Mônica Benício durante uma homenagem a Marielle Franco no sexto aniversário da sua morte EPA/Antonio Lacerda
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O principal suspeito pela morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do seu motorista, Anderson Gomes, há seis anos, identificou os autores morais do homicídio e as razões para o crime. A justiça brasileira validou a denúncia de Ronnie Lessa e aproxima-se da conclusão do caso.

Foi com alguma surpresa que o ministro da Justiça, Alexandre Lewandowski, anunciou na terça-feira à noite que o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou a “delação premiada” de Lessa, suspeito de assassinar a vereadora e activista a 14 de Março de 2018. A “delação premiada” permite que um suspeito de um crime colabore com a investigação a troco de uma redução da pena.

Segundo a imprensa brasileira, Lessa forneceu aos investigadores vários pormenores sobre o crime, incluindo quem o contratou e como decorreram reuniões de preparação do homicídio. Os detalhes do depoimento do antigo agente policial são confidenciais, mas o site de notícias G1 diz que Lessa terá sido contratado por “um grupo político poderoso no Rio de Janeiro com vários interesses em diversos sectores do estado”.

Um dos principais suspeitos de ter dado a ordem para o assassínio de Marielle é o empresário Domingos Brazão, antigo deputado estadual do Rio de Janeiro e conselheiro do Tribunal de Contas do estado.

Na declaração que fez à imprensa, Lewandowski disse que o depoimento de Lessa “traz elementos importantíssimos”, acreditando que a conclusão do caso poderá estar para “breve”.

O assassínio de Marielle Franco chocou o Brasil e expôs o ambiente violento que tomou conta de grande parte do Rio de Janeiro. Franco, que tinha 38 anos, era vereadora municipal na cidade, eleita pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL, esquerda radical) e uma conhecida activista pelos direitos humanos.

Era também uma das principais vozes a denunciar os laços próximos entre os grupos do crime organizado, conhecidos como milícias, e alguns políticos do estado.

Anielle Franco, irmã de Marielle e actualmente ministra da Igualdade Racial, disse ver “esperança” no desenvolvimento do caso que se arrasta há seis anos sem que tenham sido descobertos os responsáveis morais e intelectuais pelo crime.

Também Mônica Benício, viúva de Marielle, saudou o “passo importante” nas investigações, mas disse esperar “respostas concretas”. “Espero que a próxima colectiva [conferência de imprensa] convocada seja para fazer um pronunciamento de ordem concreta e realmente comprometida com a justiça”, afirmou.

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