Nove mil crianças vão ser retiradas de Belgorod por causa de ataques ucranianos
Kiev tem intensificado os bombardeamentos sobre o território russo. Primeiro-ministro acredita que problemas com munições serão resolvidos a partir de Abril.
Cerca de nove mil crianças vão ser retiradas nos próximos dias da cidade russa de Belgorod, que tem sido alvo de ataques frequentes por parte da Ucrânia, num claro sinal de preocupação da parte das autoridades locais desta região fronteiriça.
As aulas já tinham sido suspensas esta semana por precaução, mas o governador Vyacheslav Gladkov anunciou esta terça-feira que as crianças da capital regional e de cidades mais próximas vão ser levadas para locais mais seguros para longe da fronteira ucraniana. O primeiro grupo de 1200 menores será retirado na sexta-feira.
Nas últimas semanas, a Ucrânia tem intensificado os ataques, geralmente com recurso a drones, contra alvos no território russo, sobretudo em Belgorod. De acordo com Gladkov, pelo menos 16 pessoas morreram e 98 ficaram feridas em ataques só na última semana.
Para além das escolas, também várias lojas e centros comerciais receberam ordem para encerrar. O Ministério da Defesa russo disse que foram abatidos nove mísseis ucranianos sobre a região de Belgorod esta terça-feira.
Também foram destruídos dois grupos de “sabotadores” ucranianos que preparavam ataques junto das fronteiras com as regiões de Belgorod e Kursk. Não ficou claro se se trata de membros dos grupos armados russos que na semana passada realizaram incursões no território russo e entraram em confronto com as forças militares.
Apesar de estarem sediados na Ucrânia, as autoridades ucranianas dizem que estes grupos – que defendem o derrube do regime de Vladimir Putin – actuam de forma autónoma.
Esta terça-feira, Putin referiu-se aos membros destas organizações como “traidores” e prometeu destruí-los. “Não nos podemos esquecer quem são, devemos identificá-los pelos nomes. Iremos puni-los sem qualquer estatuto de limitações, onde quer que estejam”, garantiu num encontro com os serviços secretos internos. Putin disse esta semana que um dos objectivos da Rússia na Ucrânia é a criação de zonas tampão, através da ocupação de território, para impedir ataques ucranianos.
Sem conseguir alcançar progressos na linha da frente, a Ucrânia tem tentado manter a pressão sobre a Rússia através de ataques com drones em território russo. Moscovo tem também realizado ataques de longo alcance contra vários alvos espalhados pela Ucrânia e, segundo o Presidente Volodymyr Zelensky, desde o início do mês, foram lançados 130 mísseis, 320 drones Shahed e 900 bombas guiadas sobre o território ucraniano.
O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmigal, disse esta terça-feira que acredita que até Abril os stocks de munições das forças de Kiev deverão ser repostos. O dirigente falava a propósito do anúncio de uma iniciativa do Governo checo que conseguiu identificar 800 mil munições para serem adquiridas em breve.
“Também estamos a contar com o fornecimento de mísseis de médio e longo alcance para cortar a logística russa nos territórios ocupados”, afirmou Shmigal.
A escassez de munições tem sido apontada como um dos maiores problemas enfrentados pela Ucrânia no seu objectivo de expulsar a Rússia dos territórios ocupados no Leste e Sudeste.