Exército israelita ataca hospital Al-Shifa em Gaza

Autoridades de saúde falam em “fortes combates” num dos edifícios, Exército israelita diz que está em curso uma “operação precisa” e “disparos de terroristas”.

Foto
Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, em Novembro de 2023 REUTERS/RONEN ZVULUN
Ouça este artigo
00:00
03:07

Soldados israelitas invadiram o complexo do hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, dizendo basear-se em informações dos serviços secretos de que o complexo estaria a ser utilizado por dirigentes do Hamas. A operação começou na madrugada desta segunda-feira, 18 de Março, está ainda a decorrer, e as autoridades dizem que já causou vítimas civis.

“De repente, começámos a ouvir sons de explosões, vários bombardeamentos, e começaram a aparecer tanques em direcção a Al-Shifa, e depois aumentou o barulho de tiros e explosões”, descreveu Mohammad Ali, que vive a cerca de um quilómetro do hospital, à agência Reuters. “Não sabemos o que está a acontecer, mas parece uma nova invasão da Cidade de Gaza”, descreveu.

O Exército de Israel estava a focar as suas operações no Sul, mas têm vindo a ser registados sinais de um possível regresso do Hamas no Norte e na Cidade de Gaza.

Do lado de Israel, o Exército disse, no início da manhã, que estava a levar a cabo uma “operação precisa”, com os militares a ficarem sob fogo quando entraram no hospital. “Os soldados responderam com disparos e foram identificados os atingidos. As nossas tropas estão a continuar a operar na zona do hospital”, segundo uma declaração.

O Exército divulgou ainda um vídeo do que dizia ser “disparos terroristas a partir de vários edifícios do hospital”. Acrescentou que tinha controlo operacional do hospital e apelava a combatentes do Hamas para se renderem.

Mais tarde, o Exército anunciou a morte de “cerca de 20 terroristas” e disse ainda que dezenas de pessoas foram detidas e estavam a ser interrogadas, segundo o Haaretz.

O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que deflagrou um incêndio na entrada do complexo, causando casos de asfixia entre as mulheres e crianças deslocadas que procuravam abrigo no hospital, que se estimam serem cerca de 30 mil.

Disse ainda que havia pessoas sem conseguir sair de unidades de cirurgia e da sala de emergências num dos edifícios.

“Há vítimas, incluindo pessoas mortas e feridas, e é impossível salvar as pessoas por causa da intensidade dos disparos e do facto de qualquer pessoa que se aproxime das janelas ser um alvo”, declarou ainda o ministério.

As brigadas Qassam, o braço armado do Hamas, relataram no seu canal no Telegram que os seus combatentes estavam envolvidos em “fortes combates” com forças israelitas, dizendo ter causado “mortos e feridos entre as suas fileiras”, cita a Al-Jazeera.

O jornalista Hani Mahmoud, da Al-Jazeera, que está em Rafah, disse que o Exército lançou folhetos a dizer que as pessoas deveriam sair do complexo e dos locais em volta para a zona de al-Mawasi​, na zona ocidental de Khan Younis, no Sul, mas antes um porta-voz militar disse que não era preciso uma evacuação do local, o que está a causar confusão nas pessoas.

“As pessoas estão indecisas sobre se saem e confiam na declaração ou se ficam onde estão”, descreveu Mahmoud. “Estamos a falar de centenas de palestinianos que têm estado dentro do complexo desde o início da guerra.”

Esta é a segunda operação do Exército no Hospital Al-Shifa, com Israel a ter sido muito criticado pela incursão anterior do hospital, em que encontraram túneis incluindo o que afirmaram ser centros de controlo e comando do Hamas.

O grande hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, é uma das poucas unidades de saúde ainda a funcionar no território, ainda que apenas parcialmente.

Sugerir correcção
Ler 13 comentários