Paulo Raimundo diz que com o PCP “não há mínima tolerância ao projecto da direita”

Líder do PCP reafirma a intenção de apresentar uma moção de rejeição a um governo da AD e desafiou os outros partidos a “assumir as suas responsabilidades” em função da iniciativa dos comunistas.

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O secretário-geral do PCP defendeu hoje que com o seu partido "não há a mínima tolerância ao projecto da direita", reafirmando a intenção de avançar com uma moção de rejeição caso a Aliança Democrática (AD) forme Governo.

"Por vontade do Partido Comunista Português (PCP), o projecto da direita não será implementado no país. Connosco, a direita só terá combate, combate e um firme combate", disse Paulo Raimundo, durante um comício realizado hoje na Baixa da Banheira, no concelho da Moita, distrito de Setúbal.

Perante um ginásio repleto de militantes, o líder comunista reiterou que, caso Luís Montenegro, enquanto líder do maior partido da AD (coligação formada por PSD, CDS-PP e PPM), seja indigitado como primeiro-ministro, apresentará no primeiro minuto uma moção de rejeição a esse mesmo Governo.

"Não é preciso esperar pela entrada em funções desse Governo para sabermos quais os objectivos, qual o plano e qual o projecto desse mesmo Governo. Não peçam ao PCP para alimentar ilusões. Todos nós sabemos o que aí vem. Sabemos bem para quem sobra sempre o projecto da direita", disse.

Paulo Raimundo adiantou que cada "um deve assumir as suas responsabilidades" e decidir o que fazer em função da iniciativa do PCP.

"Quem acha que é cedo para travar a direita então só há duas possibilidades para quem acha isso. Ou lhe falta coragem ou tem ilusões quer o projecto que aí vem não é o que está anunciado. Aqui não há ilusões nem benefícios da dúvida àquilo que aí vem", defendeu.

Paulo Raimundo advogou que os cerca de três milhões de votos concentrados nos partidos da direita constituem um elemento muito negativo para o país e para os trabalhadores.

"Sabemos como foram lá parar. Um voto assente na demagogia, na mentira e na ilusão que arrastou milhares e milhares para a falsa ideia de mudança que nunca virá pelas mãos do PSD, do CDS, do Chega e da Iniciativa Liberal. Desses partidos só virá favorecimento aos grupos económicos, mais ataques ao regime democrático", frisou.

Na sua intervenção, o líder comunista disse que o Partido Socialista tem responsabilidades acrescidas pela vitória da direita.

"Se chegámos ao que chegamos hoje, o Partido Socialista tem responsabilidades acrescidas, com tudo na mão, uma maioria, um Governo e condições financeiras, optou por não responder aos problemas centrais da vida e ao não fazê-lo aumentou a justa indignação e o sentimento de injustiça de milhões de trabalhadores ao mesmo tempo que se ajoelhou perante os benefícios dos grupos económicos. Um PS que deu palco e alimentou as forças mais reaccionárias do país e os resultados estão à vista", disse.

A AD, que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas do passado domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece na quarta-feira.