Netanyahu diz que a pressão internacional não impedirá Israel de lançar ofensiva em Rafah

Primeiro-ministro israelita recebeu chanceler alemão – que se mostrou preocupado com o “número extremamente elevado” de vítimas em Gaza – e acusou o líder democrata do Senado dos EUA de ingerência.

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Benjamin Netanyahu e Olaf Scholz reuniram-se em Jerusalém Reuters/Leo Correa
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, adoptou este domingo um tom de desafio para responder a diferentes questões da actualidade política e militar israelita, nomeadamente sobre o seu futuro à frente dos destinos do país ou sobre os próximos passos da ofensiva das Forças de Defesa de Israel (IDF) na Faixa de Gaza.

Em declarações aos seus ministros, no início de uma reunião governamental, Netanyahu garantiu que a pressão internacional, que disse ser baseada em “falsas acusações contra as IDF, o Governo israelita e o primeiro-ministro de Israel”, não impedirá Israel de lançar a ofensiva militar em Rafah, cidade localizada junto à fronteira com o Egipto e para onde tem ido a grande maioria dos mais de dois milhões de deslocados no enclave.

“Iremos operar em Rafah. Demorará algumas semanas, mas vai acontecer”, afiançou o primeiro-ministro, citado pelo Jerusalem Post.

“Sejamos claros: se pararmos a guerra agora, antes de todos os seus objectivos serem alcançados, isso significa que Israel perdeu a guerra e não vamos permitir que isso aconteça. É por isso que não podemos ceder a estas pressões”, insistiu.

“E aos nossos amigos da comunidade internacional digo o seguinte: a vossa memória é tão curta? Esqueceram-se tão rapidamente do 7 de Outubro, o massacre mais terrível cometido contra judeus desde o Holocausto?”, questionou, referindo-se ao ataque do Hamas que matou perto de 1200 pessoas e que resultou no sequestro de 240.

Horas mais tarde, ao lado do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, que, na véspera, tinha dito que uma ofensiva israelita em Rafah tornaria o objectivo da paz regional “muito difícil”, Netanyahu disse que Israel não iria atacar a cidade “com a população encurralada no local” e sublinhou que as IDF vão permitir que os civis abandonem a região.

Na conferência de imprensa conjunta, em Jerusalém, o líder do Governo alemão enfatizou que “lutar contra os terroristas do Hamas” é “um objectivo legítimo” de Israel, mas disse que o número de mortos em Gaza – mais de 31.400, segundo as autoridades de saúde palestinianas – é “extremamente elevado”.

“É preciso um acordo sobre os reféns [do Hamas] e um cessar-fogo duradouro”, defendeu Scholz.

Antes do encontro com o dirigente da Alemanha, Netanyahu criticou Chuck Schumer, líder da maioria do Partido Democrata no Senado dos Estados Unidos, que disse, recentemente, que o primeiro-ministro israelita “perdeu o Norte ao permitir que a sua sobrevivência política tivesse precedência sobre o interesse de Israel”.

Joe Biden, Presidente dos EUA, recorde-se, elogiou o discurso de Schumer – alguém que, como escreve o Haaretz, é o político judeu no mais alto cargo eleito da História dos EUA e um grande defensor de Israel.

“É inapropriado ir a uma democracia irmã e tentar substituir a liderança eleita. É algo que Israel, que a população israelita, fazem sozinhas. Não somos uma ‘república das bananas’”, atirou, no entanto, Netanyahu, em declarações à CNN.

“A grande maioria dos israelitas opõem-se a eleições antecipadas”, argumentou ainda, dizendo que seria “ridículo” Israel ter sugerido o mesmo ao antigo Presidente George W. Bush, depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro.

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