Santos Silva diz que PS não deve perder liderança à esquerda, mas dialogar com PSD

O socialista analisa o resultado, ainda não fechado, das eleições legislativas e reafirma que PS e PSD devem negociar em matérias fundamentais como a Justiça.

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Augusto Santos Silva foi presidente da Assembleia da República na legislatura que agora terminou Nuno Ferreira Santos
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Para Augusto Santos Silva, o PS não pode "entregar a iniciativa de diálogo e convergência a qualquer força à sua esquerda" e deve assumir de forma "clara" a liderança da oposição. O socialista, que é candidato pelo círculo Fora da Europa e que só saberá se foi reeleito a 20 de Março, afirma que não se devem hostilizar os eleitores do Chega, apontou o dedo ao "silêncio" da Igreja Católica, e avisa que quer PS quer PSD devem ter cuidado para não "passarem a peças de museu" como no resto da Europa. Tudo sem dizer o nome do secretário-geral do partido, Pedro Nuno Santos.

Num artigo de opinião publicado na edição do PÚBLICO deste domingo, Santos Silva diz que caberá ao PS ser "crítico, combativo e alternativo", sem deixar de estar "disponível" para "compromissos" úteis na área da Justiça, em questões europeias ou nas finanças públicas, como aliás já tinha afirmado à rádio Renascença, antes das eleições.

O socialista escreve que fazer oposição "não é ser do contra", porém, acrescenta que se o objectivo de "várias forças políticas" (PSD, IL, CDS, Chega) foi "tirar os socialistas do Governo", então "não se pode pedir ao PS que resolva agora os riscos de ingovernabilidade que elas alimentaram".

Embora reconheça a perda de votos, o socialista prefere sublinhar que apesar de enfrentar "piores condições políticas, com um governo demitido por intervenção judicial, eleições desnecessárias forçadas pelo Presidente da República, a antecipação da sucessão interna, o ambiente mediático negativo, a hostilidade de várias corporações profissionais e a criação ostensiva de um clima de caos e insegurança, o PS segurou a base eleitoral e reafirmou o seu papel-chave no sistema partidário português".

Por isso, apela ao partido que não abdique do seu papel de líder da oposição à esquerda, apelando ao PS que preserve "a identidade de partido de centro-esquerda, progressista e europeísta", não deixando de agir "com plena autonomia", no que parece ser uma alusão à ronda de reuniões com os partidos de esquerda e que foram organizadas pela coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua.

Santos Silva reconhece à coligação Aliança Democrática uma "vitória política", mas aponta uma "margem mínima" e "perdendo peso em vários distritos". E faz avisos, dizendo esperar que a coligação liderada por Luís Montenegro "saiba vencer" e que "efectivamente governe e que não se atire logo para o chão, à primeira oportunidade, a fingir penálti".

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