Curadora espanhola Nuria Enguita é a nova directora artística do MAC/CCB

A curadora foi até muito recentemente directora do Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM), de que se demitiu em Fevereiro. Considerada uma discípula de Vicente Todolí, chega em Maio a Belém.

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Nuria Enguita chega a Lisboa vinda de Valência Miguel Lorenzo
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A curadora espanhola Nuria Enguita, 57 anos, será a directora artística do novo Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), em Lisboa, anunciou ao final desta tarde o conselho de administração da Fundação Centro Cultural de Belém, num comunicado enviado às redacções. A curadora, nascida em Madrid em 1967, começa a trabalhar em Maio naquele que sucedeu ao Museu Colecção Berardo e ficará em Lisboa, para já, por um período de quatro anos.

Com a nomeação de Nuria Enguita, todos os museus de arte moderna e contemporânea pertencentes às fundações culturais mais importantes do país (Gulbenkian, Serralves e Centro Cultural de Belém) ficam a ser dirigidos por estrangeiros. Philippe Vergne foi nomeado em 2019 para o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, e Benjamin Weil chegou em 2020 ao Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, em Lisboa. A escolha da curadora espanhola foi resultado de uma open call internacional lançada pelo CCB em 2023.

Nuria Enguita foi, até muito recentemente, directora do Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM), em Valência, instituição cultural de onde saiu, nos anos 90, o primeiro director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Vicente Todolí. Foi no IVAM, sob a direcção de Todolí, que começou a sua carreira de curadora, mais precisamente em 1991. Saiu em 1998 para dirigir a Fundació Antoni Tàpies, em Barcelona, onde ficou até 2008.

A nova directora do MAC/CCB demitiu-se em Fevereiro do IVAM na sequência de “uma campanha difamatória”, disse a própria ao jornal El País, que envolveu o vice-presidente da Generalitat, Vicente Barrera, do partido de extrema-direita Vox, também responsável regional pela pasta da Cultura. Barrera pediu ao Ministério Público para investigar a doação de dois terrenos rústicos a uma fundação dirigida por Todolí, argumentando que poderia constituir uma retribuição por este ter feito parte do júri que escolheu a curadora para o cargo.

"O assunto para nós não tem qualquer importância e fundamento", diz ao PÚBLICO Delfim Sardo, administrador do CCB, notando que essa doação de terrenos, sem qualquer valor, foi feita no âmbito de uma acção de crowdfunding e que o júri que escolheu Nuria Enguita para o IVAM, há três anos, tinha oito membros.

"Ela foi escolhida [para o CCB] pela sua efectiva qualidade", continua o administrador, também curador e professor universitário. Ao todo, eram 39 os candidatos ao lugar, na sua maioria estrangeiros. "Na shorlist final, que escolhemos com a ajuda de duas consultoras externas (Isabel Carlos e Lilian Tone), reduzimos [o leque de candidatos] para seis entrevistas, que tiveram um nível muito bom. Não foi uma escolha fácil, mas ficou evidente que Nuria Enguita tem experiência e rigor na gestão de colecções e uma visão cultural muito abrangente."

Nuria Enguita, que nasceu em Madrid, em 1967, é historiadora de arte, editora e curadora. Chegou ao IVAM, que dirigiu entre 2020 e 2024, vinda do Centro de Arte Bombas Gens, também em Valência, depois da já referida passagem pela Catalunha. O comunicado do CCB lembra que, como curadora independente, organizou, entre 2008 e 2015, exposições em instituições espanholas e portuguesas. Foi co-curadora da 31.ª Bienal de São Paulo, em 2014, do Encuentro Internacional de Medellín, em 2011, e da bienal Manifesta 4, em Frankfurt, em 2002.

Licenciada em História e Teoria da Arte pela Universidade Autónoma de Madrid, leccionou teoria e gestão da arte em numerosos centros e universidades e tem publicado textos em revistas de arte contemporânea como a Parkett, a Afterall e a Concreta, aponta o comunicado. “A sua prática institucional é definida pelo trabalho directo com colecções e com os contextos sociais em que estas são geradas e apresentadas. O seu trabalho procura tornar visíveis práticas artísticas habitualmente relegadas para as margens das histórias oficiais e da modernidade canónica.”

Segundo o CCB, no projecto apresentado por Nuria Enguita destacou-se “não apenas a sua consistência e o seu sentido de oportunidade, para as quais é relevante a sua larga experiência curatorial e de direcção de outras instituições, mas também o seu conhecimento da realidade portuguesa”.

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