A melhor vitória da carreira de Nardi foi a decepção de Djokovic
O número um do mundo sai de Indian Wells desapontado com o seu início de época.
Seis semanas depois da derrota nas meias-finais do Open da Austrália frente a Jannik Sinner, Novak Djokovic voltou à competição, regressando ao BNP Paribas Open, onde não competia desde 2019. Mas a passagem pelo Indian Wells Tennis Garden, no deserto da Califórnia, acabou por ser relativamente breve; o líder do ranking foi derrotado na terceira ronda pelo pouco conhecido Luca Nardi que, aos 20 anos, assinou já uma das melhores vitórias da carreira.
Em Portugal, há quem se recorde de Nardi, pois em Julho passado triunfou no Porto Open. Na final do challenger, realizada no dia do seu 20.º aniversário, o italiano derrotou João Sousa para conquistar o título mais importante até então. Com cinco títulos no Challenger Tour, Nardi tentou, este ano, afirmar-se no circuito principal, mas sem conseguir ganhar um encontro em quadros principais.
Em Indian Wells, onde surgiu no 123.º lugar do ranking, foi eliminado na última ronda do qualifying, pelo veterano belga David Goffin, mas teve a sorte de ser repescado, para o lugar de Tomas Martin Etcheverry, cabeça de série n.º 32 e, portanto isento da ronda inicial. Na segunda eliminatória, o lucky looser mostrou o seu potencial e afastou o chinês Zhizhen Zhang (50.º), obtendo a primeira vitória sobre um top 50. Contente por ganhar a oportunidade de defrontar o ídolo Djokovic – de quem tem um poster na porta do quarto desde os oito anos –, Nardi assinou a melhor exibição da sua vida e venceu, por 6-4, 3-6 e 6-3 em menos de duas horas e meia.
"Acho que até hoje, ninguém me conhecia. Acho que é um milagre; tenho 20 anos, sou o 100.º do mundo e venci Novak. É uma loucura", foram as primeiras palavras de Nardi, o pior classificado a derrotar Djokovic num torneio Masters 1000 ou Grand Slam. "Todas as noites, a última coisa que vejo antes de adormecer é Novak. E acho que a partir de agora vou continuar assim."
Nardi é mais um valor do ténis italiano que, actualmente apresenta seis tenistas no top 100 e mais cinco no top 150, sendo Nardi o mais novo desse grupo e Jannik Sinner, número três, o mais cotado. “Claro que ver Jannik a ganhar tantos encontros empurra-me a querer ser melhor”, admitiu Nardi, inscrito para disputar a fase de qualificação do Millennium Estoril Open, que se realiza nos dias 30 e 31 de Março. Dos 14 jogadores com entrada directa para o qualifying estão três ex-top 10: Roberto Bautista Agut, Diego Schwartzman e Richard Gasquet.
Djokovic repete os anos de 2006, 2018 e 2022 e chega a meados de Março sem conquistar qualquer título. “Não sabia muito sobre ele, mas já o tinha visto jogar, tem qualidade desde a linha de fundo, principalmente com a direita e movimenta-se bem. Mas estou muito surpreso com o meu nível. Cair tão cedo e principalmente aqui, onde não jogava há tanto tempo... talvez seja porque não jogo há quase dois meses, ou porque não jogo aqui há muito tempo”, adiantou o sérvio que completará 37 anos em Maio – quando se estreou no domingo, cedeu um set a Alexander Vukic (69.º).
Djokovic tem ultimamente adoptado uma nova forma de estar na vida, competindo menos e aproveitando mais os tempos livres fora do campo. "Ainda não ganhei nenhum título este ano e não é algo a que estou habituado, mas isso faz parte do desporto. Agora não jogo muitos torneios, sou mais selectivo para decidir quando e onde competir, e tento fazer outras coisas quando não estou jogando, mas acho que não cometi nenhum erro vindo aqui. Eu queria muito vir", afirmou o sérvio que, há dias, esteve em Los Angeles a ver o compatriota Nikola Jokic brilhar em mais um encontro da NBA
24 vezes campeão do major
Entretanto, o director do BNP Paribas Open e antigo número dois mundial, Tommy Haas, surpreendeu todos ao anunciar um torneio de pares mistos a partir desta quarta-feira. Esta variante só é disputada nos torneios do Grand Slam e, em Indian Wells, não atribuirá pontos para o ranking, mas vai distribuir 150 mil dólares pelas oito duplas.