Diferença nos preços entre Janeiro e Fevereiro foi nula, mas face a 2023 a variação é de 2,1%

Inflação homóloga abrandou em Fevereiro, após uma subida no arranque do ano. Índice dos alimentos frescos desacelerou. Uma parte da explicação está no efeito-base associado à subida de preços de 2023.

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A variação do índice dos produtos alimentares não transformados face a Fevereiro de 2023 foi de 0,8% Nelson Garrido
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Depois de um agravamento em Janeiro, a taxa de inflação homóloga abrandou em Fevereiro, apesar de se ter registado um agravamento dos preços dos produtos energéticos, confirmou o Instituto Nacional de Estatística (INE), na sequência da sua projecção divulgada há duas semanas, ao anunciar, nesta terça-feira que a inflação foi de 2,1% em Fevereiro (ou seja, o índice de preços no consumidor está 2,1% acima do registado em Fevereiro de 2023). Há um recuo de 0,2 pontos percentuais em relação à variação homóloga observada em Janeiro, mês em que a inflação, à boleia do fim do IVA Zero e de uma subida dos preços da energia, fora de 2,3%.

Agora, a diferença no segmento dos produtos energéticos continuou a alargar-se, com o índice de preços a aumentar de forma significativa para 4,3%, quando em Janeiro a variação fora de apenas 0,2%. Já nos produtos alimentares não-transformados (os alimentos frescos), se a variação em Janeiro face ao mesmo mês de 2023 era de 3,12%, agora, a diferença homóloga encurtou-se de forma substancial, passando a ser de apenas 0,8%, uma desaceleração que o INE diz ser parcialmente uma “consequência do efeito de base associado ao aumento de preços” que aconteceu há um ano, em Fevereiro do ano passado.

É isso que explica que a variação homóloga do índice de preços excluindo estes dois grandes agregados (os produtos alimentares não-transformados e a energia) seja de 2,1%, semelhante à variação do índice geral.

O INE destaca as diminuições da variação homóloga dos bens alimentares e bebidas não-alcoólicas, dos acessórios, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação e ainda do segmento do lazer, recreação e cultura; em “sentido oposto”, registou-se um aumento do índice de preços face a Fevereiro de 2023 nos transportes, na habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis, bem como nas comunicações.

O INE sublinha que, ao longo deste ano, ao analisar a evolução dos preços nestes dois segmentos e a sua comparação com o ano passado, será preciso ter em conta efeitos de base.

Como, em 2022, no primeiro ano da guerra na Ucrânia após a invasão russa, houve um aumento significativo dos preços “em grande parte dos produtos considerados na amostra” usada pelo INE para medir a inflação, houve, já em 2023, “reduções das taxas de variação homóloga, em parte como consequência aritmética do denominado ‘efeito de base’.”

“De forma análoga, a evolução dos preços durante o ano de 2023 também terá um efeito sobre as variações homólogas do IPC de 2024, em particular devido à isenção de IVA em diversos bens alimentares essenciais que esteve em vigor” entre Abril e Dezembro, pelo que a “análise do comportamento dos preços ao longo de 2024, e em particular das taxas de variação homóloga, deve ter em conta o impacto daqueles efeitos”.

O INE nota que “o nível médio dos preços tem-se mantido superior ao de 2021, registando-se em Fevereiro de 2024 um nível médio de preços superior em 12,8%” do desse ano. “Para que o nível de preços regressasse a valores comparáveis aos de 2021, teria de se verificar um período com taxas de variação homóloga negativas”, salienta.

A variação nula

Em termos mensais, de Janeiro para Fevereiro, o índice de preços registou uma “taxa de variação mensal nula” (de 0,03%), tal como já acontecera entre Dezembro e Janeiro (em que a diferença no índice de preços foi de 0,01%). Se, por um lado, houve uma subida de 5,7% no índice de preços relativo às comunicações e essa diferença foi a que mais contribuiu para a variação mensal, por outro, observou-se a uma quebra na variação nos produtos de vestuário e calçado, que, à boleia do “habitual período de descontos de fim de colecção”, foi a classe que deu o “maior contributo negativo para a variação mensal”.

Se o índice principal (o IPC) ficou nos 2,1% em termos homólogos, já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), que permite comparar a inflação com outros países da União Europeia, regista uma variação homóloga de 2,3% em Fevereiro, quando, no conjunto da zona euro, a diferença face ao mesmo mês de 2023 está nos 2,6%.

Com variações inferiores à de Portugal estão apenas seis países da área do euro: Letónia, Itália, Lituânia, Finlândia, Irlanda e Chipre (com variações entre os 0,7% e os 2,2%). Em sentido oposto, com a inflação mais alta, estão a Croácia, Estónia, Áustria, Eslováquia e Bélgica (com valores entre os 4,8% e os 3,6%).

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