A derrota socialista e o crescimento da extrema-direita: as eleições portuguesas vistas lá fora
Eleições legislativas fizeram manchete nos principais órgãos de comunicação social. Crescimento do Chega e “viragem à direita” são as principais conclusões retiradas de uma “corrida renhida”.
As eleições legislativas deste domingo fizeram manchete nos principais órgãos de comunicação social um pouco por todo o mundo. A noite ficou marcada por uma queda acentuada do Partido Socialista (PS), o regresso em força da direita portuguesa – na forma da Aliança Democrática (AD) – e o crescimento muito acentuado do Chega, partido de extrema-direita. Foram estas, na generalidade dos títulos, as principais conclusões transmitidas aos leitores internacionais.
Na manhã desta segunda-feira, o The Guardian dava ainda o lugar de destaque no site à corrida eleitoral portuguesa. Descrevendo a forma como a "aliança de centro-direita" conseguiu a vitória da noite, o jornal britânico deixou ainda claro que foi rejeitado um entendimento com a extrema-direita, uma referência ao Chega, partido liderado por André Ventura.
Já no Politico, órgão norte-americano especializado em jornalismo político, destaca-se a queda da abstenção: este domingo, a taxa de abstenção em território nacional fixou-se nos 33,8%, o valor mais baixo desde 1995. Além da "participação acima da média", o Politico destaca a "corrida renhida" vivida neste acto eleitoral, com resultados muito próximos entre os principais partidos. Neste caso, escreve-se, o Chega pode ser o desbloqueador de uma solução governativa.
Como seria de esperar, a Espanha foi outro dos países que prestou particular atenção aos resultados eleitorais portugueses. O El País, principal diário espanhol, sublinha que o centro-direita ganhou as eleições pela margem "mínima", alertando que "os ultras" [extrema-direita] reclamam um lugar no Governo. Já o El Mundo dá um empate técnico entre os socialistas e a centro-direita, colocando atenção também no crescimento de resultados do Chega, que dispara de 7,2% para 18% e angaria mais de um milhão de eleitores no país.
Na agência Reuters, a noite de domingo é caracterizada como a "vitória dos conservadores", aliada a um crescimento da extrema-direita. Pouco muda no título do Financial Times, que destaca a proximidade deste resultado eleitoral. Já em Itália, no Corriere della Sera, o holofote é colocado no Chega, que mais do que duplica a presença no Parlamento. Para Luís Montenegro governar, escrevem os italianos, é preciso "um acordo com os populistas do Chega".
No Brasil, no Folha de S.Paulo, a "direita vence socialistas em disputa acirrada". À notícia sobre os resultados eleitorais junta-se ainda um artigo de opinião sobre o crescimento da extrema-direita em Portugal, com José Manuel Diogo, director da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, a considerar que PS e direita democrática vão ser obrigados a dar resposta a temas como a imigração e integração europeia.
Veja na fotogaleria acima alguns exemplos das notícias sobre as eleições portuguesas na imprensa estrangeira.