Um negro sinal dos tempos
Se o PS pode estar mais à esquerda, o PSD está mais à direita. Talvez o combate ao Chega os possa aproximar. O clima não é propício.
1. Para o desgaste inerente a oito anos de governo, com uma legislatura interrompida a meio, uma pandemia e uma guerra, a pequeníssima vitória esperada da AD sabe a muito pouco. A justificação pode estar na mudança radical a que assistimos nestas eleições: a passagem de um sistema bipolar para outro, tripolar. O Chega, um partido anti-sistema, cujas bandeiras representam um corte radical com um conjunto de valores civilizacionais que a democracia portuguesa tinha consolidado ao longo dos últimos 50 anos, afirma-se como uma força política incontornável. É a pior notícia destas eleições. É a confirmação de que o país virou muito à direita e terá de se habituar a viver com um sistema político-partidário muito mais fragmentado. É também um sinal de que não somos excepção entre os nossos parceiros europeus. O Chega não é um fenómeno local nem episódico. Faz parte de uma “internacional populista e nacionalista” que contagia todas as democracias europeias e norte-americanas.
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