O discurso de Biden e a importância do cérebro

Não fugiu a (quase) nada, nem mesmo ao tema concreto da idade: “A questão que a nossa nação enfrenta não é a nossa idade, mas a idade das nossas ideias”, lançou.

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Nas últimas semanas, se não meses, os Estados Unidos e o resto do mundo viveram sob a narrativa de que Joe Biden estava a caminhar a passos largos para a senilidade, com pouca energia para mais uma campanha eleitoral e demasiado velho para um segundo mandato na Presidência — isto apensar de nem sequer fazer parte do top 10 dos chefes de Estado mais idosos do mundo (o decano é o camaronês Paul Biya, de 90 anos).

Na sexta-feira, no discurso que dirigiu à nação ("The State of The Union Address") e que durou pouco mais de uma hora, Biden superou o teste e mostrou como essa ideia não passa de uma falácia montada com objectivos eleitoralistas, tornando ainda mais evidente a indecência que é discutir a idade de alguém com base apenas no bilhete de identidade.

Falou sobre os ataques em curso à democracia e à liberdade, nos Estados Unidos e fora deles; sobre o amor ao país que não se pode ter apenas quando se ganha; sobre as heranças e as lições da História; sobre os valores da honestidade, da decência, da dignidade e da igualdade que importa defender; e falou sobre retrocessos sem nunca nomear o seu antecessor.

Prometeu ainda que não se curvará perante Vladimir Putin ou a colossal Rússia – o que é um acto de enorme coragem para um homem de 81 anos supostamente agastado. Não fugiu a (quase) nada, nem mesmo ao tema concreto da idade: "A questão que a nossa nação enfrenta não é a nossa idade, mas a idade das nossas ideias”, lançou.

Há quem diga que foi feliz na forma, mas não no conteúdo. Outros dizem que conseguiu mostrar-se como um Presidente realmente à procura da reeleição com o discurso mais partidário de sempre.

O que Biden fez em muitos temas importantes — da imigração ao aborto, passando pela situação no Médio Oriente ou na Ucrânia — foi dar o sinal de liderança de que milhões de americanos democratas estavam a precisar… e isso foi refrescante. Respondeu à campanha republicana, falando para dentro, e mostrou ao mesmo tempo que, neste momento da História, nada falta aos Estados Unidos para serem o farol do mundo livre. Daqui a oito meses, logo se vê.

No dia 8 de Março de 2024, Joe Biden compareceu perante o Congresso norte-americano e fez um discurso lúcido (no mínimo) que desconstruiu a narrativa em curso e mostrou uma verdade inequívoca: o cérebro ainda é o órgão mais importante do ser humano.

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