Governo húngaro não apoia primeiro-ministro dos Países Baixos para líder da NATO

No dia em que o Presidente promulgou a lei sobre a adesão da Suécia à aliança militar, chefe da diplomacia húngara declara que o país não vai apoiar alguém que disse que queria a Hungria “de joelhos”.

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EUA, Reino Unido, França e Alemanha vêem com bons olhos uma candidatura de Mark Rutte ao cargo de secretário-geral da NATO OLIVIER MATTHYS/EPA
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Mark Rutte, primeiro-ministro dos Países Baixos, já terá garantido o apoio de um terço dos Estados-membros da NATO, incluindo dos influentes Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, para se candidatar ao cargo de secretário-geral da Aliança Atlântica, e, por isso, as suas possibilidades de sucesso na corrida à sucessão de Jens Stoltenberg subiram em flecha.

A Hungria veio, no entanto, baralhar as contas nesta terça-feira, revelando que não vai apoiar o político neerlandês e justificando a sua oposição com declarações que Rutte fez em 2021, sobre o Governo de Viktor Orbán, num Conselho Europeu particularmente tenso.

“Não vamos apoiar seguramente a eleição para o cargo de secretário-geral da NATO de um homem que no passado quis forçar a Hungria a pôr-se de joelhos”, assegurou Peter Szijjarto, ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, numa conferência de imprensa, citado pelo Politico.

O chefe da diplomacia da Hungria refere-se às críticas que Rutte fez em Junho de 2021 a uma lei húngara que descriminava a população LGBTQI+ e que esteve no centro de uma discussão descrita por quem lá esteve como “intensa”, “dura”, “difícil” e “existencial” numa cimeira de chefes de Governo da União Europeia, em Bruxelas.

“Nesta matéria, a minha intenção é deixar a Hungria de joelhos”, afirmou o primeiro-ministro neerlandês, em declarações aos media, depois dessa reunião. “Ou eles [Governo húngaro] percebem que são um membro da União Europeia e um membro da nossa comunidade de valores – e isso não é negociável – ou então já não estão a fazer nada na União Europeia.”

Ainda antes destas declarações, também por causa da sua longevidade no cargo (é primeiro-ministro desde 2010), Rutte já estava na linha da frente das denúncias da UE à deriva autoritária e ao enfraquecimento do Estado de direito na Hungria.

“Não sei qual é o motivo pessoal para o primeiro-ministro neerlandês me odiar ou [odiar] a Hungria”, chegou a dizer o primeiro-ministro Orbán, em 2020, citado pelo Guardian.

Esta posição aparentemente irredutível do Governo ultraconservador húngaro pode dificultar a nomeação de Rutte para a liderança da NATO. Apesar de não haver uma regra escrita para a designação do secretário-geral da aliança, esta resulta, por tradição, de um consenso entre todos os Estados-membros.

O nome do primeiro-ministro dos Países Baixos – que lidera um executivo de gestão enquanto aguarda pelo desfecho das negociações entre os principais partidos políticos do seu país, na sequência das eleições legislativas antecipadas de Novembro do ano passado – ganhou força nas últimas semanas para suceder ao norueguês Stoltenberg, que acaba o seu mandato em Outubro.

Segundo o Politico, os Estados-membros da NATO pretendem aprovar o novo secretário-geral antes da próxima cimeira, que marca o 75.º aniversário da aliança, e que está agendada para Julho, em Washington D.C., nos EUA.

Adesão sueca

As declarações de Szijjarto tiveram lugar precisamente no dia em que o Presidente da Hungria, Tamas Sulyok, promulgou a legislação vinda do Parlamento que aprova a entrada da Suécia na NATO, pondo fim a quase dois anos de espera no país nórdico, que vai poder aderir formalmente à organização militar nos próximos dias, tornando-se no seu 32.º membro.

Depois de a Turquia ter levantado o seu veto à adesão da Suécia, no final de Janeiro, ficou apenas a faltar o “sim” da Hungria, que continuou, ainda assim, a arrastar o processo durante mais algumas semanas. Uma situação que levou Stoltenberg e a Administração Biden a mostrarem descontentamento com as manobras políticas de Orbán, dizendo que a “paciência” dos aliados não era “ilimitada”.

Tanto a Suécia como, antes, a Finlândia, justificaram a candidatura à NATO como uma resposta às novas ameaças securitárias trazidas pela invasão russa da Ucrânia.

A oposição de Budapeste à política de sanções do Ocidente à Rússia e o braço-de-ferro que o primeiro-ministro húngaro já tinha protagonizado no seio da UE, por causa do desbloqueio de fundos para a reconstrução da Ucrânia, levantaram dúvidas sobre as verdadeiras intenções da Hungria neste processo, mas não chegaram a ser revelados os verdadeiros motivos para o impasse.

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