Tóquio, da tradição à modernidade

“Tóquio é uma cidade gigantesca que combina a tradição com a modernidade, o bulício com a pacatez, a natureza com o consumo desenfreado”, escreve o leitor Pedro Mota Curto.

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Pedro Mota Curto
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Primeira constatação, o Japão fica muito longe. Mesmo voando confortavelmente na Emirates e só com uma escala, no Dubai, Tóquio fica mesmo muito longe. Mas vale bem o esforço. Segunda constatação, Tóquio é diferente, muito diferente, felizmente, pois não queremos que o mundo seja todo igual, queremos mundos, sociedades e culturas diversificadas.

Tóquio é uma cidade gigantesca que combina a tradição com a modernidade, o bulício com a pacatez, a natureza com o consumo desenfreado, os jardins com os arranha-céus, os bairros tranquilos do norte, onde se anda a pé e de bicicleta, com os milhões de pessoas que circulam no centro urbano.

Na capital japonesa residem cerca de 14 milhões de habitantes, quase uma vez e meia os portugueses todos juntos. Não obstante, imperam a educação e o respeito. Não se vê confusão, nem lixo, nem miséria, nem pedintes. A segurança parece ser total.

A rede de metro é gigantesca e sofisticadíssima, numa organização extrema. De início custa um pouco a entender, pois a língua japonesa e as poucas pessoas que dominam a língua inglesa dificultam a orientação do viajante ocidental. No entanto, todos são corteses, delicados e com vontade de ajudar o ocidental lost in translation.

Templos budistas, templos confucionistas, santuários xintoístas e palácios imperiais não faltam. Museus também não. Legendas sempre em três línguas: japonês, coreano e chinês. Em muitos locais, também há traduções em inglês, o que facilita deveras a integração dos viajantes oriundos do país dos pastéis de nata, também à venda neste país nipónico.

As artes marciais possuem um imponente Budokan. Os mercados abundam e são magníficos. Deambular pelos mercados é um deleite para os sentidos. Os restaurantes oferecem uma culinária diversificada e saborosa, apesar de ser aconselhável conseguir utilizar os fachis. Os pratos de carne grelhada, na própria mesa, também se recomendam, pois no Japão existem algumas das melhores carnes do mundo. A maioria dos restaurantes apresenta preços muito semelhantes aos de Portugal. O mesmo é válido para os hotéis.

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Em Tóquio lembramo-nos de Katsushika Hokusai (1760-1849), um dos mais famosos e deslumbrantes pintores japoneses, de Akira Kurosawa (1910-1998), um dos mais famosos cineastas japoneses, de Yoko Ono (nascida em 1933, artista multifacetada), de Yukio Mishima (1925-1970), famoso escritor que se suicidou praticando o ritual seppuku, de Ryuichi Sakamoto (1952-2023), pianista e compositor, até quase à hora da sua morte, entre tantos outros, que a cultura japonesa é vasta e antiga.

O templo Senso-ji, fundado no ano 628, é o mais antigo de Tóquio e uma das principais atracções. O Museu Nacional de Tóquio é imperdível. O Palácio Imperial, com os seus vastos jardins, situa-se mesmo no centro da cidade. Muitos dos inúmeros edifícios históricos foram sendo reconstruídos ao longo dos séculos, em virtude da destruição provocada pelas guerras, pelos terramotos, tufões, incêndios e também pelos bombardeamentos aéreos ocidentais, ocorridos já no final da Segunda Guerra Mundial. Ainda hoje, os japoneses recordam, anualmente, nos dias 6 e 9 de Agosto, as duas bombas atómicas lançadas pelos americanos, em 1945, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, com as consequências que são conhecidas.

Pedro Mota Curto (texto e fotos)

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