FC Porto teve a fórmula para anular os ensaios de Schmidt no Benfica

Os “dragões” golearam na 24.ª jornada da I Liga o Benfica, por 5-0, com golos de Wenderson Galeno (2), Wendell, Pêpe e Namaso.

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Galeno bisou na goleada do FC Porto frente ao Benfica EPA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO
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De um lado esteve uma equipa que, com toneladas de pressão nos ombros e limitações q.b. no plantel, mostrou sempre o que queria; do outro, esteve um conjunto repleto de talento, mas que, seis meses e 23 dias depois de realizar o primeiro jogo oficial da época e de gastar 111,5 milhões de euros em reforços, continua a viver de individualidades, sem ter uma ideia de jogo definida. Com uma exibição personalizada, o FC Porto deu neste domingo uma prova de vida e, com uma goleada no clássico frente ao Benfica (5-0), ganhou novo fôlego na luta pelo título. Wenderson Galeno (2), Wendell, Pêpe e Namaso fizeram os golos portistas.

O terceiro clássico da época entre FC Porto e Benfica não era, palavras de Sérgio Conceição e de Roger Schmidt, um “tudo ou nada” para qualquer equipa, mas, quando os jogadores das duas equipas entraram no relvado do Dragão para iniciar a partida, já tinham uma certeza, que chegara poucos minutos antes do Estádio de Alvalade: com os mesmos 23 jogos dos outros dois “grandes”, o Sporting, após derrotar o Farense, tinha na classificação mais um ponto do que o Benfica e mais dez do que o FC Porto.

A matemática colocava, sem qualquer dúvida, muito pressão do lado dos “dragões”, mas, mesmo sem rede para amparar qualquer escorregadela, Conceição também mostrou que tem muito menos incertezas do que o Schmidt. Sem ter a abundância de opções de qualidade no plantel do que o rival, o técnico português ainda tentou lançar dúvidas sobre qual seria o “onze” em que iria apostar quando, na antevisão do clássico, deu uma reprimenda ao departamento de comunicação dos portistas por ter sido apresentado um boletim clínico sem os nomes de Galeno e de Evanilson. Porém, como se esperava, o FC Porto entrou em campo com o 4x3x3 habitual.

Já Roger Schmidt, não precisou de lançar qualquer dúvida na véspera do jogo. Tentar adivinhar quais serão as opções do técnico alemão para os jogos do Benfica esta época tem sido uma missão quase impossível e, mais uma vez, o germânico fez de mais uma partida “encarnada” um tubo de ensaio.

Após apostar nas últimas duas partidas (Portimonense e Sporting) num “ataque móvel”, entregando a Rafa o lugar para o qual o Benfica nos últimos meses investiu quase 40 milhões em dois jogadores (Arthur Cabral e Marcos Leonardo), Schmidt, após uma hora de jogo paupérrima em Alvalade, recuou. Desta vez, não houve adaptações no ataque e Casper Tengstedt surgiu no “onze”.

Para além de lançar o dinamarquês, Schmidt voltou a apostar em dois laterais adaptados (Ausners e Morato), mas tinha outra experiência guardada para o meio-campo: voltou a entregar o centro do terreno a João Mário e João Neves, colocando Kokçu em terrenos que nada favorecem a turco - o flanco esquerdo. Todos estes ensaios de Schmidt foram anulados por um FC Porto que apenas precisou de não inventar.

Tal como tinha acontecido a meio da semana em Alvalade frente ao Sporting, o Benfica foi desde o apito inicial dominado pelo FC Porto, mas, aos 13’, a primeira grande oportunidade foi de Tengstedt, mas o dinamarquês voltou a mostrar ter problemas na hora da finalização.

Essa era, no entanto, a excepção que confirmava a superioridade na partida por parte dos portistas e, na resposta, chegou o primeiro aviso de Galeno para Trubin: o remate do extremo passou ligeiramente ao lado. Todavia, meia dúzia de minutos depois, o “13” do FC Porto não se ficou pela ameaça. Após um canto, Morato desviou de cabeça subtilmente a bola e Galeno, sozinho no segundo poste, desviou para o fundo da baliza.

A viver das suas individualidades, o Benfica ainda conseguiu reagir à desvantagem e, aos 34’, Rafa de fora da área ainda deu trabalho a Diogo Costa, mas o FC Porto continuava a ser mais equipa e, em cima do intervalo, chegou o bis de Galeno.

Com dois golos de desvantagem, Schmidt trocou Morato e Kokçu por Carreras e Florentino, mas já era demasiado tarde para o Benfica corrigir um plano de jogo totalmente falhado. Confortável, o FC Porto continuou a dominar e, aos 55’, chegou ao terceiro, com um remate de fora da área de Wendell. A perder por 3-0, o que fez Schmidt? Trocou o ponta-de-lança (Tengstedt por Cabral) e o extremo (Dí Maria por Neres). Três minutos depois, os problemas “encarnados” tornaram-se ainda mais evidentes, após Otamendi ser expulso ao ver o segundo cartão amarelo.

Com meia hora para jogar, o jogo tornou-se num suplício para as “águias” e um festim para os “dragões” que não perderam a oportunidade de chegarem a uma gorda e moralizadora goleada: Pepê, aos 75’, e Namaso, aos 90'+1', fecharam o marcador num 5-0 que castiga a falta de identidade do Benfica durante todo o encontro.

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