Guardas e chefias prisionais concertam acções contra degradação das prisões
O Sindicato Nacional do Corpo de Guarda Prisional (SNCGP) e a Associação Sindical de Chefias do sector vão articular acções de luta para contestar o que consideram ser o “total abandono da tutela”.
O Sindicato Nacional do Corpo de Guarda Prisional (SNCGP) e a Associação Sindical de Chefias do sector vão articular acções de luta para contestar o que consideram ser o "total abandono da tutela", disse hoje fonte sindical.
Para já, as duas estruturas sindicais vão realizar uma conferência de imprensa na terça-feira, pelas 12 horas, naquela que será uma primeira iniciativa para combater o "estado de degradação a que chegaram os serviços prisionais", referem em comunicado.
Segundo Frederico Morais, dirigente do SNCGP, a conferência de imprensa visa dar uma resposta ao "abandono total por parte da tutela em relação ao corpo da guarda prisional", com a "degradação em que o sistema prisional se encontra neste momento".
"Nós temos vindo a alertar para o colapso do sistema, só que nunca ninguém quis saber e nós estamos a deparar-nos agora com cada vez menos guardas, cada vez mais reclusos e cada vez mais dificuldade em resolver as situações no dia-a-dia", explicou.
O dirigente admite a realização de greves ou outras acções de protesto após a concertação dos "sindicatos mais representativos do corpo da guarda prisional", juntando a estrutura representativa dos guardas e as chefias, algo pouco habitual na história sindical deste sector. A situação é particular relevante na progressão das carreiras, exemplificou Frederico Morais.
"Basta ver o meu exemplo, tenho 22 anos de guarda e estou no antigo terceiro nível", disse, salientando que os problemas tornam-se mais evidentes quando há uma comparação com outras forças de segurança.
"Temos um curso de chefes a decorrer de guardas principais, que abriu em Agosto do ano passado, e ainda nem saiu a listagem final dos que já deveriam estar promovidos, enquanto na PSP isso é automático".
"O actual Governo alega que gastou 46 milhões de euros no sistema prisional português, mas não sabemos onde", disse, acrescentando: "O que sabemos é que o Estado português voltou a ser condenado outra vez já este ano, por degradação do sistema prisional no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem".