Com André Ventura a pesca do voto é à rede

Nos discursos do presidente do Chega todos levam e não é à vez, é ao molhe. Ninguém fica de fora quase todos os dias.

Foto
André Ventura num almoço-comício em Lamego LUSA/PAULO NOVAIS
Ouça este artigo
00:00
02:31

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

As campanhas eleitorais são consideradas pelos políticos como o momento alto para conseguir os últimos votos. Especialmente para convencer os indecisos. A maioria faz a chamada “pesca” à linha. Dirige os seus discursos e acções para onde sabem que podem ir buscar sufrágios. Seja à direita, à esquerda ou no chamado "centrão".

Exemplos não faltam entre quase todos os lados políticos. Há, porém, quem não faça pesca à linha, mas à rede. É caso de André Ventura, presidente do Chega. Começou por querer entrar nas águas da AD e do PS, os que são cara do “bipartidarismo” que quer “limpar” para que seja criado o “tripartidarismo”, do qual quer ser protagonista. Mas depressa alargou as críticas, muitas vezes violentas, a todos os partidos. Da esquerda à direita. Levam todos e não à vez, mas ao molho e num só discurso.

Na quinta-feira, num jantar-comício na Guarda, começou por acusar todos partidos de fazerem “os maiores malabarismos políticos” para afastar o Chega”. Aproveitando o facto de o cabeça de lista pelo distrito ser um ex-militante da IL, disse que esta força política “se transformou num partido de esquerda".

Ao PS E PSD acusou pela enésima vez que "só querem tachos”. A Rui Tavares disse ser do tipo de políticos que "vendiam a mãe se fosse preciso para se manterem no poder". Já Mariana Mortágua classificou como “a personificação, o símbolo, a expressão do que é a fraude e a burla que é a extrema-esquerda”.

Já a esquerda em geral é a “'esquerdalhada' que está no Parlamento e que defende mais subsídios para toda gente, para quem não trabalha, que defendem ataques às polícias e a diminuição da autoridade, que defendem a bandalheira e impunidade.”

Nesta sexta-feira, André Ventura aproveitou o facto de estar num comício em Lamego, onde está instalado o Centro de Tropas das Operações Especiais da Força Armadas, para voltar a um dos seus temas preferidos: a defesa dos militares, forças de segurança e bombeiros. Desta vez afirmou que “os nossos polícias” não podem “ter medo de usar as armas”.

“Os polícias não têm de ter medo de ir atrás de criminosos e se for necessário usar a arma. Porque as armas são para se usar quando é preciso. Num Estado de direito usar a arma tem que ser quando é preciso para impedir que um crime aconteça”, referiu. O líder do Chega não clarificou de que forma quer acabar com o medo que sinalizou haver nos polícias em recorrerem às suas armas. E no programa eleitoral do Chega propõe-se "rever o regulamento de uso da força e de recurso ao uso da arma de fogo", sem dizer como nem em que sentido.

Sugerir correcção
Ler 15 comentários