Região separatista moldava da Transnístria pede ajuda e “protecção” de Moscovo

Transnístria denuncia “pressão social e económica” do Governo moldavo pró-europeu, que responde acusando os separatistas de “propaganda”. Moscovo promete proteger “interesses” dos seus “compatriotas”.

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Vadim Krasnoselsky, líder da região separatista, no congresso de quarta-feira no Palácio da República, em Tiraspol Reuters/Vladislav Bachev
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Centenas de deputados e representantes políticos da região separatista pró-russa da Transnístria, na Moldova, reuniram-se num congresso extraordinário na quarta-feira, no Palácio da República, em Tiraspol, e, apontando o dedo ao Governo moldavo pró-europeu, aprovaram uma resolução a pedir a ajuda e a “protecção” da Rússia.

No centro da indignação dos políticos da região governada de forma autónoma desde 1990, e onde vivem mais de 220 mil cidadãos de ascendência russa, está a decisão recente do executivo de Chisinau de exigir o pagamento de taxas de importação às empresas da Transnístria.

“Há uma pressão social e económica sobre a Transnístria, que é claramente contrária aos princípios e às abordagens europeias de protecção dos direitos humanos e do comércio livre”, lê-se na resolução, citada pela Reuters.

O documento apela a ambas as câmaras do Parlamento russo (Duma e Conselho da Federação) que “implementem medidas diplomáticas para proteger a Transnístria face à pressão crescente da Moldova”.

Em resposta, sem dar grandes pormenores sobre o que irá fazer em concreto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa assegurou que a “protecção dos interesses dos habitantes da Transnístria”, seus “compatriotas”, é “uma das prioridades” do Kremlin.

Situada junto à fronteira ocidental da Ucrânia, e com tropas russas ali estacionadas há décadas, a região separatista foi vista no início da invasão russa do território ucraniano, em Fevereiro e Março de 2022, como um possível activo estratégico de Moscovo na campanha militar para conquistar a faixa costeira ucraniana junto ao mar Negro.

Apesar de a linha da frente se ter deslocado, no último ano, para a região oriental da Ucrânia, o Governo moldavo nunca deixou cair os receios de que as Forças Armadas russas possam abrir uma nova frente de guerra a partir da Transnístria, para tentar tomar, por exemplo, a importante cidade portuária ucraniana de Odessa.

Numa altura em que o Exército russo parece estar a ganhar um novo ímpeto no conflito, beneficiando do impasse no Leste do país invadido e dos atrasos na chegada de apoio militar e financeiro do Ocidente à linha da frente ucraniana, aumentam os receios sobre o papel que a região moldava pró-russa possa vir a desempenhar num futuro próximo.

A aproximação e o alinhamento do Governo da Moldova com a NATO e a União Europeia – em Junho de 2022, o país foi aceite, a par da Ucrânia, como candidato oficial à adesão ao bloco comunitário – aceleraram com a invasão do território ucraniano e fizeram com que as relações entre a antiga república soviética e o Kremlin tenham esfriado significativamente, extremando as reivindicações dos separatistas da Transnístria.

Numa mensagem publicada no Telegram, um porta-voz do executivo liderado pelo primeiro-ministro Dorin Recean disse que “o que aconteceu em Tiraspol foi um evento de propaganda” e assegurou que “não há qualquer risco de escalda ou de desestabilização da situação na região”.

Num comunicado enviado à CNN, o organismo responsável pela reintegração da Transnístria no território da Moldova declarou que o país “rejeita as declarações propagandísticas de Tiraspol e recorda que a região (…) beneficia das políticas de paz, de segurança e integração económica com a UE”, que, sublinha, “são vantajosas para todos os cidadãos”.

“Aquilo que o Governo está a fazer é tomar pequenas medidas para a reintegração económica do país”, reagiu, por sua vez, Maia Sandu, Presidente da Moldova, citada pela Reuters, referindo-se aos novos regulamentos aplicáveis às empresas da região separatista.

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