Sondagem: AD e PS mantêm distância e voto útil perde força para partidos da esquerda

AD e IL somam 39% das intenções de voto, a mesma percentagem que o total de PS, BE, Livre e CDU. Os 2% do PAN poderão ajudar a decidir quem irá governar. E é afastado cenário de maioria absoluta.

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AD e PS recuam dois pontos percentuais cada e continuam separados por seis pontos LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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A Aliança Democrática (AD) e o PS descem dois pontos percentuais cada, enquanto BE, Livre, CDU e PAN sobem um ponto cada na sondagem desta semana feita pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1. Os dados demonstram, assim, um recuo do voto útil nos dois principais partidos e o benefício dos pequenos partidos à esquerda.

Outra novidade na sondagem desta semana é que a AD, coligação entre PSD, CDS e PPM, mais a Iniciativa Liberal perfazem 39% (no estudo do Cesop da semana passada somavam 41%), a mesma percentagem que somam as intenções de voto no PS, BE, Livre e CDU, coligação entre o PCP e o PEV.

Dado o empate entre o conjunto das forças de esquerda e o bloco da direita (no qual não é tido em conta o Chega, porque tanto o líder do PSD, como o da IL, já recusaram qualquer tipo de aliança, seja governativa, seja parlamentar, com o partido de André Ventura), o PAN (que tanto se pode aliar à esquerda como à direita) poderia assumir, neste cenário, o papel de kingmaker, isto é, fazendo pender o seu apoio para um dos lados do hemiciclo e, dessa forma, contribuindo para definir quem irá governar.

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Dos 1207 inquiridos, 33% declaram que tencionam votar na AD, baixando assim a intenção de voto em dois pontos percentuais, em relação aos 35% de há uma semana (números com distribuição de indecisos). O PS baixa também de 29% para 27%. A diferença entre ambos continua a ser de seis pontos percentuais, e está tangencialmente fora da margem de erro, que é de mais ou menos 2,8%.

O BE sobe de 4% para 5%, o Livre de 3% para 4%, a CDU de 2% para 3% e o PAN de 1% para 2%. Com a mesma percentagem, em relação à última sondagem do Cesop, continuam o Chega, com 17%, e a IL, com 6%.

Já na intenção de voto directa, ou seja, as respostas dadas pelos inquiridos, sem que seja aplicada distribuição de voto dos indecisos, a coligação liderada por Montenegro e o partido de Pedro Nuno Santos descem na mesma proporção: a AD cai de 27% para 25%, e o PS de 22% para 20%. Neste indicador, o Chega sobe de 13% para 14%, o Livre de 2% para 3% e a CDU de 1% para 2%. Mantém o mesmo peso a IL, com 4%, o BE, com 3%, e o PAN, com 1%.

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Os indecisos aumentam de 17% para 20%. E 84% dos inquiridos dizem: “de certeza vai votar”.

Não há maioria absoluta

Quanto à distribuição de deputados, a sondagem da Universidade Católica aponta para que estas intenções de voto permitiriam que a AD elegesse entre 86 e 96 mandatos. O PS conseguiria entre 69 e 79 parlamentares. E o Chega atingiria entre 33 e 41 lugares no hemiciclo de São Bento.

Mais atrás ficariam a IL, entre seis e dez deputados; o BE, entre cinco e sete; o Livre, entre três e quatro; a CDU, entre três e cinco; e o PAN dois deputados. Este cálculo não inclui os quatro deputados eleitos dos círculos da Europa e Fora da Europa.

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Assim, mesmo no melhor cenário para a AD e a IL, as duas forças não iriam além dos 106 deputados (a 10 do patamar mínimo da maioria absoluta). Por outro lado, PS, BE, Livre e CDU juntos, mesmo no melhor cenário somam 95 deputados (menos um do que os 96 do melhor registo possível para a AD). A distribuição de mandatos mostra assim que não há qualquer cenário possível de maioria absoluta e que Pedro Nuno Santos teria mesmo de fazer jus ao prometido e viabilizar um executivo minoritário da AD.

Quanto à taxa de rejeição, a CDU é quem atinge a maior, com 70% dos inquiridos a dizerem que é “nada provável” votar nesta coligação. Seguem-se o Chega, com 64%, o BE e o Livre, ambos com 60%, o PAN, com 59%, a IL, com 51%, o PS, com 43%, e a AD, com 33%.

Mas quando se analisa a taxa de rejeição no eleitorado que em 2022 votou no PS, verifica-se que a maior é a do Chega, com 78%. Segue-se a IL, com 67%, a CDU, com 64%, o PAN e o Livre, com 57%, o BE, com 51%, a AD, com 50%. E 10% dos eleitores do PS que há dois anos votaram nos socialistas dizem ser “nada provável voltar a votar no mesmo partido".

Em relação aos que inquiridos que há dois anos votaram no PSD ou no CDS, a maior taxa de rejeição é em relação à CDU (87%). Segue-se o BE, com 77%, o PAN e o Livre, com 69%, o PS, com 65%, o Chega, com 57%, a IL, com 33%. Apenas 5% dos inquiridos que votaram PSD ou CDS em 202, dizem que é “nada provável” votarem na AD. Neste universo de eleitores, verificam-se maior níveis de rejeição face a qualquer dos partidos da esquerda do que relativamente ao Chega.

Em suma, o PS tem maiores níveis de rejeição do que a AD, enquanto a Aliança Democrática regista maior probabilidade de voto de simpatizantes de outros partidos do que os socialistas.

PS perde mais eleitores do que o PSD

Outra leitura possível nesta análise é a de que, entre os inquiridos que votaram no BE em 2022 há agora disponibilidade para voarem no partido de Pedro Nuno Santos e no de Rui Tavares: 16% indicam querer agora votar no PS e 12% no Livre. Dos que votaram CDS, 88% dizem agora votar AD, 6% na IL e outros 6% no Chega. Já a CDU perde para várias forças: 5% para a AD e outros tantos para o BE, 3% para o Chega, 8% para o Livre e 13% para o PS.

Do eleitorado do Chega nas legislativas de há dois anos, só 3% dizem agora votar AD, 1% na IL e 1% no PS. A IL perde 30% de eleitores de há dois anos para a AD e 9% para o Chega. Mantêm a intenção de voltar a votar na IL 53% dos inquiridos. Entre os eleitores do Livre em 2022, 9% dizem ir agora votar na IL e 9% no PS. Já o PAN perde 33% do seu eleitorado de 2022 para a AD.

O PS perde maior percentagem de eleitores do que o PSD. Entre os inquiridos, 52% dos eleitores socialistas em 2022 dizem agora votar PS, ao passo que 65% dos eleitores sociais-democratas dizem ir votar AD. Por outro lado, 8% dos eleitores do PS indicam agora querer votar AD, enquanto nem um dos eleitores do PSD em 2022 diz agora votar PS.

Face às eleições de há dois anos, o PS perde 2% para o BE, 1% para a CDU, 5% para o Chega, 2% para IL, 3% para o Livre e 1% para o PAN. Por seu lado, a AD perde, no que diz respeito a eleitores que em 2022 votaram PSD, 1% para o BE, 10% para o Chega e 4% para a IL.

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