Oposição à guerra de Gaza “rouba” cem mil votos a Biden no Michigan
As primárias no Michigan, estado crucial para as presidenciais de Novembro nos EUA, foram vencidas por Biden e por Trump.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, e o seu antecessor, Donald Trump, venceram as primárias dos seus partidos no estado do Michigan, mas o candidato democrata enfrentou os primeiros sinais de oposição interna.
Num estado crucial para as aspirações de qualquer candidato presidencial, as primárias do Michigan revestiam-se de grande interesse. Não estava em causa o favoritismo dos dois principais candidatos à Casa Branca, mas sim a solidez de cada um no Michigan, que será um dos campos de batalha que vai decidir as presidenciais de Novembro.
Concorrendo praticamente sem oposição — havia apenas outros dois candidatos sem expressão —, Joe Biden alcançou 575 mil votos, que lhe renderam 80% da votação total nas primárias do Partido Democrata, numa altura em que estavam contabilizados mais de 90% dos votos.
No entanto, a opção “sem compromisso” foi escolhida por quase cem mil eleitores democratas do Michigan, que se uniram para repudiar o apoio de Biden à ofensiva israelita em Gaza. Este movimento de oposição interna foi promovido pela vasta comunidade de muçulmanos e árabo-americanos no Michigan e tem como objectivo pressionar a Administração Biden para que force Israel a declarar um cessar-fogo em Gaza, onde já morreram quase 30 mil pessoas.
“Esta é uma vitória retumbante para o movimento pró-palestiniano antiguerra no nosso país”, afirmou o porta-voz do grupo Listen to Michigan, Abbas Alawieh, que promoveu o boicote ao voto em Biden. Os organizadores tinham posto como patamar mínimo a obtenção de 11 mil votos, a mesma margem pela qual Trump venceu Hillary Clinton no Michigan nas eleições de 2016 e que foi crucial para a sua eleição como Presidente.
É possível que a estratégia do voto “sem compromisso” se estenda a outros estados durante as primárias democratas, reforçando a imagem de fragilidade de Biden mesmo entre o seu eleitorado mais fiel.
Nas primárias republicanas repetiu-se o cenário que tem sido a regra desde o início. Trump venceu de forma confortável a sua adversária Nikki Haley, que, ainda assim, se vai manter na corrida. Com 94% dos votos contados, o ex-Presidente recebeu 68%, enquanto Haley se ficou pelos 26%.
Praticamente sem qualquer hipótese de sequer beliscar a mais que garantida nomeação de Trump como candidato republicano, Haley quer aguardar até à “superterça-feira”, na próxima semana, quando 15 estados vão a votos, para anunciar a sua desistência.