Montenegro pisca o olho aos “desiludidos” do PS e aos que estão atraídos pelo Chega

Num comício na Covilhã, o líder da AD diz que, se não cumprir os compromissos sobre pensões, abandona o cargo de primeiro-ministro.

neg -  27 FEVEREIRO 2024 - campanha da ad na covilha - unversidade da beira interior - nuno melo e montenegro
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Coube a Nuno Melo fazer os ataques ao PS, enquanto Montenegro tentou cativar desiludidos e potenciais eleitores do Chega Nelson Garrido
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A caravana da AD passou por Castelo Branco e Covilhã Nelson Garrido
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Num comício que deixou sobrelotado um auditório na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, Luís Montenegro tentou capitalizar os votos dos que estão “desiludidos com o PS” e os que querem votar no Chega para “dar um murro na mesa”. Ao final de um dia marcado pelo impacto visível da intervenção de Passos Coelho nas pensões, Montenegro garantiu que “abandonará as funções” de primeiro-ministro se não cumprir com os seus compromissos sobre a actualização das reformas, a subida do valor referência do complemento solidário para idosos e os aumentos extraordinários nas pensões mais baixas “sempre que possível”.

Foi mais um discurso em que tentou reconciliar-se com os pensionistas, um eleitorado que escapou para o PS depois da governação de Passos Coelho. Fê-lo depois de ter ouvido directamente queixas de um grupo de reformadas, que estavam, esta tarde, num café em Portalegre por onde passou a caravana da AD. “Se algum dia for confrontado [com ter] de cortar um cêntimo de uma pensão em Portugal, demito-me. E quero ser mais claro: se eu falhar qualquer um destes compromissos, como primeiro-ministro, eu próprio abandonarei as minhas funções”, disse, repetindo por três vezes que é “um compromisso de honra”.

Assegurando que as suas propostas para as pensões são realizáveis, Montenegro alertou para o que podem fazer os adversários nos próximos dias: Não vale a pena fazerem uma campanha de medo da AD, assustar que vem aí o caos, os cortes, a austeridade e o sacrifício dos portugueses, nem vale a pena discutir muito o que aconteceu há 10 ou 15 porque os portugueses são sabedores.

Na intervenção desta noite, o líder da AD foi directo no apelo aos eleitores que pensam em votar no Chega, apesar de serem “muitos os que não concordam com o Chega e nem com tudo o que o seu protagonista diz”. “Estão cansados, querem dar um murro na mesa. Querem enviar uma mensagem, não de confiança no Chega mas uma mensagem de desconfiança no PSD. Tenho a humildade de reconhecer”, afirmou para depois concluir que “esse voto de protesto não resolve os problemas” nem “muda o Governo”. Só o voto na AD é seguro, concluiu.

Para os que deram uma maioria absoluta ao PS, Montenegro abriu as portas da AD. “É natural que se sintam defraudados, desiludidos. Porquê? Porque deram um instrumento ao PS, a forma mais apta para executar um programa político (…) dois anos volvidos, o Governo caiu, desbaratou a maioria, e eu respeito muito os que deram essa confiança”, afirmou.

Melo responde ao PS: “Malfeitoria foi deixar a bancarrota”

Se o líder da AD tentou cativar eleitorado, ao presidente do CDS coube o ataque a Pedro Nuno Santos por ter falado nas “malfeitorias” que teria feito o Governo de Passos Coelho. “Malfeitoria foi deixar Portugal na bancarrota, não foi libertar Portugal. Malfeitoria também foi ter negociado o programa de austeridade, não foi libertar o país da troika. Foi também o PS ter escolhido Sócrates para primeiro-ministro, não foi a AD ter libertado Portugal dele”, atirou, recebendo um forte aplauso.

O eurodeputado insistiu na carga ao líder do PS ao garantir ter “orgulho de todos os primeiros-ministros da AD do passado”. “A pergunta que faço ao Pedro Nuno Santos: pode dizer, do mesmo modo, que tem orgulho de todos os primeiros-ministros do passado? Pois é, pois é…o problema é que é bem capaz de dizer que sim”, completou, provocando risos na sala.

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