Macron não exclui envio de militares ocidentais para combater na Ucrânia
“Faremos tudo o que for necessário para que a Rússia não possa ganhar esta guerra”, afirmou Emmanuel Macron, admitindo que não existe, para já, o consenso para enviar soldados europeus para a guerra.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou esta segunda-feira que os países europeus devem estar preparados para um possível ataque da Rússia nos próximos anos e que o envio de militares dos países ocidentais para a Ucrânia "não está excluído", mesmo que nesta altura não exista consenso entre os aliados.
Macron reuniu uma vintena de líderes europeus em Paris, incluindo o primeiro-ministro, António Costa, com o objectivo de mostrar ao Presidente russo, Vladimir Putin, que a determinação europeia em relação à Ucrânia mantém-se forte no momento em que a guerra entrou no seu terceiro ano e para tentar chegar a uma solução rápida para fornecer as tão necessárias munições a Kiev, numa altura em que a Rússia conseguiu alguns avanços na linha da frente.
Sobre a mesa da reunião de Paris estava uma proposta, liderada pela República Checa, para a compra de centenas de milhares de munições a países terceiros, uma solução em relação à qual a França tem mostrado alguma cautela, com Macron a defender como prioridade o desenvolvimento da indústria militar europeia. “O objectivo é reunir dinheiro suficiente para as munições de que a Ucrânia necessita”, disse o primeiro-ministro checo, Petr Fiala, antes de viajar para França.
No final do encontro, que teve lugar no Eliseu, a residência oficial do Presidente francês, Fiala anunciou que pelo menos 15 países mostraram interesse na iniciativa checa, com o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, a prometer uma contribuição de 100 milhões de euros.
Já a hipótese, avançada antes da reunião pelo primeiro-ministro da Eslováquia, de enviar soldados de países da UE para a Ucrânia parece ter sido posta de parte no encontro onde, segundo Macron, tudo foi discutido. Ainda assim, o Presidente francês disse que nada "está excluído".
"Não existe actualmente um consenso para enviar soldados para o terreno de uma forma oficial, assumida e aprovada", disse Macron. "Faremos tudo o que for necessário para que a Rússia não possa ganhar esta guerra, tudo é possível para atingir esse objectivo", acrescentou.
Antes, no discurso de abertura da conferência, Macron tinha avisado para o perigo de Moscovo poder atacar outros países europeus. “Constatei que mais ou menos todos os países representados nesta mesa afirmaram que o consenso comum é que devemos estar preparados para que, dentro de alguns anos, a Rússia ataque estes países”, disse o Presidente francês.
“Todos concordamos que não queremos entrar numa guerra com o povo russo, mas estamos determinados a manter a escalada sob controlo”, referiu o líder francês Macron antes de uma reunião em que foi discutida a forma de aumentar o fornecimento de munições à Ucrânia numa altura em que Kiev se debate não só com a falta de material bélico mas também de soldados.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dirigiu-se aos líderes europeus através de videoconferência e apoiou o aviso de Macron sobre o risco de escalada do conflito. “Temos de garantir que Putin não possa destruir as nossas conquistas e não possa expandir a sua agressão a outras nações”, afirmou.
O fornecimento de munições tornou-se uma questão crítica para a Ucrânia, que espera ainda pela prometida ajuda dos Estados Unidos, que continua bloqueada na Câmara dos Representantes, mas também pela União Europeia, que ficou aquém do objectivo de enviar um milhão de obuses de artilharia até Março.
Numa conferência de imprensa esta segunda-feira em Kiev com o primeiro-ministro búlgaro, Nikolai Denkov, o Presidente ucraniano lamentou que, até agora, a UE só tenha entregue 30% dos obuses prometidos.
O chanceler alemão Olaf Scholz, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico David Cameron, o primeiro-ministro holandês Mark Rutte, bem como os líderes dos países escandinavos e bálticos, estiveram entre os presentes na reunião no Eliseu. Os EUA fizeram-se representar pelo secretário de Estado Adjunto para os Assuntos Europeus e Eurasiáticos, Jim O’Brien.