Israel ameaça abandonar Eurovisão se organização rejeitar letra da sua canção

Letra da música não refere de forma explícita o ataque do Hamas a Israel em Outubro do ano passado, mas têm surgido acusações que inclui referências em inglês e em hebraico às vítimas.

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Protestos anti-Israel na Eurovisão em 2019, ano em que o país recebeu a competição Reuters/Corinna Kern
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Israel ameaçou abandonar o Festival Eurovisão da Canção deste ano se os organizadores rejeitarem a letra da sua canção por razões políticas.

Eden Golan e a sua canção October Rain foram seleccionadas para participar no concurso anual, que este ano se realizará em Maio em Malmö, na Suécia.

A letra da música, que em português significa “Chuva de Outono”, não refere de forma explícita o ataque do Hamas a Israel a 7 de Outubro do ano passado, mas recentemente têm surgido acusações que afirmam que inclui referências em inglês e em hebraico às vítimas.

A União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês), que organiza o concurso, tem agora de decidir se a letra da canção pode ou não ser considerada como declaração política, algo proibido no concurso.

A EBU disse estar a analisar a letra e ainda não tomou uma decisão final. “Se uma canção for considerada inaceitável por qualquer razão, os organismos de radiodifusão têm a oportunidade de apresentar uma nova canção ou uma nova letra, de acordo com as regras do concurso”, acrescentou a EBU.

A emissora pública israelita, a KAN, anunciou esta semana que está em conversações com a EBU sobre a participação do país no concurso e que não tem “qualquer intenção de substituir a canção”. “Se não for aprovada pela EBU, Israel não irá participar no concurso”, apontou a KAN.

O ministro da Cultura e do Desporto de Israel, Miki Zohar, considerou “escandalosa” a possibilidade da proibição da canção, dizendo que apenas “exprime os sentimentos do povo e do país actualmente” e que “não é política”.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita a 7 de Outubro.

Nesse dia, cerca de 1200 pessoas foram mortas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os mais recentes números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 29 mil pessoas, na maioria mulheres, crianças e adolescentes.