Tajani eleito líder do Força Itália e sucede a Berlusconi

Vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália eleito por unanimidade no congresso do partido conservador.

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Antonio Tajani diz que nunca haverá um herdeiro de Berlusconi EPA/RICCARDO ANTIMIANI
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O líder da Forza Italia (Força Itália) e vice-primeiro-ministro do Governo italiano, Antonio Tajani, foi eleito no sábado, por unanimidade, novo secretário-geral do partido conservador. A votação teve lugar no primeiro congresso partidário após a morte do fundador, Silvio Berlusconi.

Apesar de Tajani, antigo presidente do Parlamento Europeu, ter sublinhado que nunca haverá um herdeiro de Berlusconi, o actual ministro dos Negócios Estrangeiros converte-se no primeiro secretário do partido após a sua fundação em 1994, apesar de ser o único nome da lista desde a morte de “Il Cavaliere” (“O Cavaleiro”), em Junho do ano passado.

“Sinto uma grande responsabilidade sobre os meus ombros. Nunca serei Maradona como Silvio Berlusconi, mas darei tudo. Tentarei que este movimento implique um grande número de pessoas. Envolverei os responsáveis locais e respeitarei escrupulosamente as regras do nosso movimento político”, disse Tajani após a sua eleição.

O congresso do Força Itália também elegeu a nova direcção, que inclui a deputada e coordenadora Milán Cristina Rossello, a presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado, Stefana Craxi, e o vice-presidente da Comissão Antimáfia, entre outros.

O partido fundado por Berlusconi, magnata italiano que ocupou por três vezes o posto de primeiro-ministro (1994-95, 2001-2016 e 2008-2011), é actualmente a terceira força, em peso eleitoral, da coligação de direita no poder, atrás dos partidos de extrema-direita Irmãos de Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni, e da Liga, de Matteo Salvini.

A nova direcção terá o difícil desafio de mobilizar o partido e sobreviver à morte de Berlusconi, após ter obtido pouco mais de 8% dos votos nas legislativas de 2022, atrás dos seus aliados.

O segundo dia do congresso partidário também foi assinalado pela intervenção da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, que defendeu a necessidade de reformas e mudanças: “Nunca como agora necessitámos de uma Europa forte […]. Força Itália e força Europa.”

Na abertura do Congresso, Tajani disse que a Força Itália necessita de “obter o maior consenso possível” nas eleições regionais, apesar de o principal desafio eleitoral estar reservado para as europeias de Junho, em que o partido ambiciona um resultado mínimo de 10% dos votos expressos.

Sendo o Força Itália o único partido do actual Governo italiano (de direita e extrema-direita) a integrar o Partido Popular Europeu (PPE), a maior família política e que deverá voltar a ser a mais votada no conjunto da União Europeia nas eleições para o Parlamento Europeu, Tajani deverá reforçar a mensagem de que “quanto mais forte o Força Itália for, mais forte é a Itália na Europa”, e contará em Roma com o apoio de vários “pesos pesados” das fileiras do PPE.

Muitos analistas concordam que o grande desafio de Tajani é não permitir a fuga de eleitorado do Força Itália para outras forças mais populares e mais à direita e tentar conquistar o voto ao centro, dos moderados, aos quais o novo líder do Força Itália já tem “piscado o olho”.

“Há um grande espaço entre Elly Schlein [a líder da oposição e secretária-geral do Partido Democrático, de centro-esquerda] e Giorgia Meloni, e nós queremos ocupá-lo”, assumiu Tajani.

No entanto, muitos analistas consideram quase impossível a Tajani fazer esquecer a figura de Berlusconi. Ainda antes da sua morte, porém, o Força Itália já estava em evidente declínio, tendo passado de perto de 30% dos votos nas legislativas de 2001 para 8% em 2022.