Poupança das famílias em Certificados de Aforro e Tesouro acelera descida em Janeiro

Depois da queda de 183,9 milhões de euros em Dezembro, o saldo total diminuiu 214 milhões de euros em Janeiro.

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Entrada de dinheiro nos Certificados de Aforro diminuiu muito depois da redução da taxa de rentabilidade Ricardo Lopes
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As poupanças dos particulares aplicadas em produtos de dívida do Estado voltaram a diminuir em Janeiro, como já tinha acontecido na recta final do ano passado. O saldo total caiu para cerca de 44.876 milhões de euros, menos cerca de 214 milhões de euros do que em Dezembro de 2023.

A diminuição da poupança confiada ao Estado é explicada pela redução da rentabilidade dos produtos em comercialização, a série F dos Certificados de Aforro (CA) e os Certificados do Tesouro Poupança Valor. Em resultado desses cortes, as novas subscrições não chegam para compensar as saídas, boa parte delas por limite de maturidade das aplicações. Recorde-se que apenas as séries A e B não têm duração predefinida.

De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP), o stock de CA caiu em Janeiro 16,8 milhões de euros, para 34.042 milhões de euros. A maior redução verificou-se nos Certificados do Tesouro (CT), que perderam 197,22 milhões de euros, ao recuar de 11.031 milhões de euros, em Dezembro do ano passado, para 10.834 milhões de euros no arranque do corrente ano.

No último mês do ano passado, o financiamento das famílias ao Estado já tinha diminuído 183,9 milhões de euros. Mas, apesar desta diminuição, o saldo de financiamento ao longo do ano foi claramente positivo, aumentando 10.221,24 milhões de euros, exclusivamente devido ao crescimento dos CA (mais 14,4 mil milhões de euros), já que o montante aplicado em CT diminuiu 4,2 mil milhões de euros ao longo do ano, devido aos resgates.

Grande parte do aumento de subscrições de CA ocorreu na primeira metade do ano passado, e é explicado pela forte subida das taxas Euribor, uma vez que a remuneração da série E, então em comercialização, estava (e ainda está, para quem mantém o produto) associada à Euribor a três meses, o que permitiu atingir a remuneração máxima de 3,5%. Por outro lado, a rentabilidade dos novos depósitos melhorou ao longo do ano, mas manteve-se abaixo desse patamar.

Já a diminuição na segunda metade do ano é explicada pelo corte na remuneração que o Governo veio a fazer em Junho, suspendendo novas entradas de dinheiro na série E e lançando a nova série F, com uma remuneração-base máxima de 2,5%. Os prémios de permanência nesta última série também passaram a ser menos atractivos e a maturidade aumentou de dez para 15 anos.

A concorrer com a nova série esteve ainda uma melhoria das remunerações dos depósitos a prazo, especialmente para novas aplicações, e para prazos muito curtos. Em Dezembro, a taxa de juro para novos depósitos a um ano situou-se em 3,1%; e até dois anos em 2,17%.

A subida dos depósitos deverá estar perto do fim, tendo em conta a tendência de descida das taxas Euribor, que o mercado está a antever que possa ser mais acentuada nos próximos meses. A remuneração da maioria dos depósitos não está directamente dependente das taxas Euribor, mas a diminuição destas afecta directamente a rentabilidade da carteira de crédito, em especial o da habitação e empresas, esperando-se, por isso, um ajustamento em baixo.

A descida da Euribor a três meses também pode afectar a rentabilidade da única série de CA que está em comercialização. A taxa-base da série F está limitada ao valor da Euribor a três meses, não podendo ser superior a 2,50% nem inferior a 0%. Esta taxa-base é revista trimestralmente. Contudo, o mercado não está a antever uma descida da taxa a três meses abaixo dos 2,5% nos próximos dois anos.

À taxa-base somam-se prémios de permanência (0,25%, do segundo ao quinto ano; 0,50%, do sexto ao nono ano; 1%, no 10.º e 11.º anos; 1,50%, no 12.º e 13.º anos; e 1,75%, no 14.º e 15.º anos).

A remuneração dos Certificados do Tesouro Poupança Valor vai de 0,70% até ao segundo ano; 0,80% no terceiro; 0,90 no quarto; 1% no quinto, 1,30% no sexto e 1,60% no sétimo. A partir do terceiro ano pode ser somado um prémio, em função do crescimento médio real do Produto Interno Bruto (PIB).

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