Posto de Turismo do Piódão é finalista do prémio de arquitectura Mies van der Rohe
Projecto do atelier Branco Del Rio para a praça e o posto do turismo do Piódão, aldeia do concelho de Arganil, concorre na categoria Emergentes com a Biblioteca Gabriel García Márquez, de Barcelona.
O Posto de Turismo do Piódão é um dos sete projectos finalistas do prémio de arquitectura Mies van der Rohe, anunciou a organização esta terça-feira.
O projecto de João Branco e Paula del Río (do atelier Branco Del Rio) para a Praça e para o Posto de Turismo do Piódão, aldeia histórica no concelho de Arganil, distrito de Coimbra, é um dos dois finalistas do prémio na categoria Emergentes. Concorre com a Biblioteca Gabriel García Márquez, em Barcelona, projecto do atelier SUMA Arquitetura.
As cinco obras de arquitectura finalistas ao galardão principal deste prémio atribuído anualmente pela Fundação Mies van der Rohe e pela Comissão Europeia são a galeria de arte contemporânea Platoem, em Ostrava, na República Checa (KWK Promes), resultado da reconversão de um antigo matadouro; o Pavilhão de Estudos do Campus da Universidade Técnica de Braunschweig, na Alemanha (Gustav Düsing & Max Hacke); a Escola Reggio, em Madrid (Andres Jaque/Office for Political Innovation); o Convento Saint-François em Sainte-Lucie-de-Tallano, França (Amelia Tavella Architectes); e o Häge, um vasto espaço público relvado nos arredores de Lund, na Suécia, destinado ao repouso e à meditação (Brendeland & Kristoffersen Architects).
O júri do prémio visitará as cinco obras em Março. Os vencedores nas duas categorias vão ser anunciados no dia 25 de Abril, com a entrega agendada para 14 de Maio, de acordo com um comunicado da organização.
Esta lista de finalistas é a penúltima etapa do processo de selecção. Em Janeiro, tinha sido anunciada a presença de três projectos portugueses nas shortlists do prémio em diferentes categorias. Eram eles, além da praça do Piódão, o Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, de Paulo Moreira, e o Edifício General Silveira, no Porto, de Tiago Antero e Vítor Fernandes.
Agora, "o júri considera que os sete trabalhos finalistas constituem modelos e referências para as políticas urbanas locais, uma vez que todos eles criam ambientes de vida inclusivos de elevada qualidade", nuns casos "melhorando as condições de comunidades bastante pequenas em locais que passaram por variados processos de esquecimento: antigas zonas industriais, pequenas aldeias rurais e periferias urbanas", e noutros implementando-se "em áreas bastante periféricas" de grandes cidades, "criando uma forte associação com os bairros existentes", pode ler-se no texto divulgado esta terça-feira.
Sobre o projecto do Piódão, a organização refere que "a única área plana e aberta da íngreme aldeia de Piódão" se viu agora "devolvida à sua dignidade de átrio acolhedor e local de encontro".
"O que anteriormente era um parque de estacionamento foi redesenhado, pavimentado e parcialmente sombreado com materiais e técnicas tradicionais. O espaço foi devolvido às pessoas seguindo a sua cultura material e de construção."
Na ficha do projecto disponível no site do prémio, o atelier Branco Del Rio indica que o grande objectivo era realmente "retirar os carros" e requalificar e redefinir os limites da zona. "Em primeiro lugar, uma grelha de cerejeiras, à entrada, altera a sequência de chegada. Após a primeira descoberta da aldeia, feita de carro, ao longe, em que se reconhece o seu assentamento paisagístico, as árvores adiam a segunda ordem de compreensão do conjunto: o aparecimento da elevação da aldeia a partir da sua base. Este filtro vegetal também protege e retira a praça da estrada, impedindo a passagem de automóveis. Em segundo lugar, o novo pavimento da praça, construído em xisto, sem desníveis ou lancis, reforça o novo carácter pedonal e garante a acessibilidade universal", explicam os arquitectos. Depois, introduziu-se "um grande círculo central, no eixo da igreja, que circunscreve o busto e as árvores existentes".
No site do atelier, lê-se que "os diferentes elementos que compõem a praça (a fachada da igreja e a fundação de pedra na qual assenta, o posto de turismo e as pequenas casas com restaurantes e cafés) passam a estar arranjados em torno desta nova centralidade suave".
No posto de turismo, mais especificamente, "a intervenção, quer dentro quer fora, teve por objectivo limpar e clarificar o edifício existente".
O Prémio Mies van der Rohe toma o nome do arquitecto de origem alemã que dirigiu a Bauhaus no início da década de 1930. Após a subida das forças nazis de Hitler ao poder, em 1933, refugiou-se nos Estados Unidos, onde obteve a nacionalidade norte-americana, estando na origem da chamada Segunda Escola de Chicago e do actual Instituto de Tecnologia do Illinois.