Novo vírus no Alasca causa a primeira vítima mortal

O vírus foi descoberto em 2015 e pensa-se que é transmissível por animais. Até agora, houve sete casos de infecção, incluindo o primeiro mortal agora.

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Roedores e outros pequenos mamíferos serão os mais propensos a contrair o novo vírus detectado no Alasca DEPARTAMENTO DE SAÚDE DO ALASCA
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O primeiro homem a morrer com um novo vírus identificado no Alasca, do mesmo género da varíola, vivia na Península de Quenai. Era idoso e enfrentava um cancro, cujos tratamentos debilitavam o seu sistema imunitário, o que pode ter, segundo o boletim divulgado na semana passada por autoridades de saúde pública, ajudado à gravidade da doença. O vírus começou por se manifestar através de uma infecção cutânea em Setembro de 2023, seguida de hospitalização em Novembro e morte em Janeiro de 2024.

Descoberto no Alasca em 2015, o vírus é denominado pelas autoridades de saúde locais como Alaskapox (AKPV). De acordo com o Departamento de Saúde do Alasca, “é provável que o vírus esteja mais difundido nas populações de pequenos mamíferos do Alasca”, tendo sido detectado em roedores (da espécie Clethrionomys rutilus​), que se pensa serem os principais portadores, e pelo menos num animal de estimação. Os roedores detectados com a doença foram localizados na cidade de Fairbanks, no mesmo estado norte-americano que o da vítima mortal, mas a cerca de 483 quilómetros da Península de Quenai.

Também as outras seis pessoas infectadas – mas que não morreram – moravam em Fairbanks. O primeiro caso humano é de 2015, detectado numa mulher. Até agora, os sete casos foram os únicos diagnosticados com o vírus em humanos.

Os sintomas da doença vão desde lesões cutâneas, como inchaços ou crostas, a gânglios linfáticos inchados e dores nos músculos ou articulações. O Departamento de Saúde do Alasca recomenda a que as áreas infectadas sejam cobertas com um curativo.

Ao jornal The New York Times, Julia Rogers, epidemiologista dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), disse na última terça-feira que podia ter havido casos no passado que simplesmente não detectámos”, porque os sintomas são geralmente leves. Ainda assim, não há registos de que humanos possam propagar a doença entre si, mas os estudos apontam para que sejam os animais a transmitir-lho.

Ainda de acordo com o The New York Times, Joe McLaughlin, chefe da Secção de Epidemiologia do Alasca, pediu que não houvesse preocupação excessiva”​ por parte dos habitantes, já que a doença é rara”​. Confirmou, ainda, que, até agora, todas as vítimas tinham animais de estimação.

A própria pessoa que morreu com o vírus revelou aos médicos que cuidava de um gato de rua na sua casa e que frequentemente o animal caçava ratos. Mais tarde, o gato arranhou o homem, nomeadamente na axila direita, onde um mês depois se formou uma erupção cutânea. O gato foi posteriormente testado a vírus ao Orthopoxvirus​, género a que pertence o Alaskapox– e também a varíola humana e os resultados foram negativos. Ainda assim, os especialistas acreditam que a transmissão terá ocorrido por aí.

Texto editado por Teresa Firmino

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