Um chinês, dois japoneses e dois sul-coreanos: cinco dos sete finalistas são de marcas asiáticas, com apenas dois a exibirem emblema europeu – e, mesmo assim, é preciso abrir aqui um parêntesis, já que a Volvo, embora mantenha o ADN sueco, é parte do universo da chinesa Geely há mais de uma década.
No que diz respeito a classes, entre os sete magníficos a lutar pelo título de Seguro Directo Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal 2024, uma iniciativa organizada pela SIC Notícias e Expresso, os SUV dominam, com o Hyundai Kauai e o Volvo EX30, ambos do segmento B, o Toyota C-HR, do segmento C (ainda que pouco familiar…), ou o Renault Espace, que se situa entre as classes C e D. Já o BYD Seal, o Hyundai Ioniq 6 e o Toyota Prius parecem querer provar que há mais mundo para lá dos sport utility vehicles da moda.
De referir que neste pódio só há mecânicas eléctricas (BYD Seal, Hyundai Ioniq 6, Volvo EX30) ou electrificadas (Hyundai Kauai, Renault Espace, Toyota C-HR, Toyota Prius).
BYD Seal, aposta no estatuto
O Seal, um executivo do segmento D, é mais do que um automóvel para fazer números. É uma das cartadas da chinesa BYD para mostrar o quão a sério está a levar a sua aventura automobilística, o que se pode verificar pela atenção aos detalhes e o rigor da construção. Assente na e-Platform 3.0, estreia a tecnologia Cell-to-Body, sendo a bateria uma componente estrutural, o que contribui para melhores rigidez torcional e segurança.
O BYD Seal é proposto com tracção traseira, a debitar 230 kW (313cv) e capaz de acelerar de 0 aos 100 km/h em 5,9 segundos, mas a grande aposta deverá concentrar-se na apimentada versão de tracção integral, com potência de 390 kW (530cv), indo dos 0 aos 100 km/h em 3,8 segundos. A bateria é de 82,5 kWh, para autonomia entre os 520 e os 570 quilómetros. De série traz um carregador trifásico incorporado de 11 kW, mas aceita carregamentos em corrente contínua até uma potência de 150 kW — cerca de meia hora para recuperar até 80% da carga.
Hyundai Ioniq 6, elegância aerodinâmica
O Ioniq 6, que tem lugar no topo de gama da Hyundai, prima por linhas elegantes e um perfil desenhado para cortar vento; é, aliás o modelo da marca mais aerodinâmico de sempre, com um coeficiente de 0,21. E, dentro do habitáculo, o espaço é um convite a viagens longas, independentemente do lugar que se ocupa.
Com 4,86 metros de comprimento, largura de 1,88 metros e altura ligeiramente inferior a metro e meio, é o tipo de automóvel que se cola à estrada para sensações emocionantes: basta uma pressão ligeiramente mais assertiva para sentir o carro, servido por 228cv e alimentado por uma bateria com capacidade de 77 kWh, a disparar: a aceleração de 0 a 100 km/h cumpre-se em satisfatórios 7,4 segundos, exibindo uma velocidade máxima de 185 km/h. A autonomia anunciada é de 600 quilómetros e os recarregamentos podem ser feitos em postos ultra-rápidos: em cerca de 15 minutos consegue-se energia para cerca de 350 quilómetros.
Hyundai Kauai, familiar arrojado
Um automóvel com gama alargada, desde o 1.0 T-GDi, com o qual concorre a SUV Compacto do ano, até ao HEV 1.6 GDi, com inscrição na classe dos Híbridos (e inclui ainda uma variante 100% eléctrica, lançada já este ano e por isso ausente do concurso).
Mais versátil (os bancos traseiros, por exemplo, passaram a ser rebatíveis na proporção de 40/20/40), a nova geração do Kauai cresceu em todas as direcções e pisca o olho às famílias, valendo-se ainda de uma melhorada mala, que ganhou quase mais 100 litros.
De destacar que o Kauai é o primeiro modelo da Hyundai a aplicar o Connected Car Navigation Cockpit, que incorpora um ecrã panorâmico duplo, com o painel de instrumentação digital e o ecrã táctil, ambos de 12,3 polegadas, a criarem a sensação de estarem unidos. Toda a consola também foi transformada pelo facto de o selector de velocidades eléctrico shift-by-wire passar a estar montado na coluna de direcção.
Renault Espace, espaçoso e poupado
Assente na mesma plataforma CMF-CD, que também dá vida ao Austral, vencedor do título de Carro do Ano em 2023, o Espace apresenta-se com 4722mm, mais 21,2cm que o Austral, folga que lhe permitiu esticar a distância entre eixos até aos 2738mm, para tornar possível a inclusão de uma terceira fila de bancos. Montada, permite transportar sete pessoas, sobrando espaço de carga para apenas 159 litros; recolhida, admite arrumar na mala entre 477 e 677 litros.
O Espace é servido pelo E-Tech full hybrid 200: 1.2 a gasolina, dois motores eléctricos e uma caixa multimodo compõem o grupo propulsor, que admite acelerações de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos, atingindo uma velocidade máxima de 175 km/h. Resultado: em estrada, quase nos esquecemos que estamos aos comandos de um automóvel tão grande. Os consumos também são aliciantes: com sete lugares, a marca conseguiu um consumo médio homologado de 4,8 l/100km, sendo muito fácil cumprir esta métrica.
Toyota C-HR, orientado pelo estilo
O C-HR soma pontos no estilo, no atrevimento e na economia dos consumos, apresentando-se com uma qualidade de materiais e de construção que não irá atrair grandes críticas negativas. Quem procura espaço e funcionalidade, não encontrará com este modelo a solução. Mas também não foi para isso que foi criado. É que, “feito na Europa para a Europa”, a Toyota quis celebrar o facto de o C-HR ser “orientado pelo estilo”.
Para já, o automóvel é apenas proposto com variante 1.8 HEV, que une um bloco a gasolina de 1798cc, a desenvolver 98cv às 5200rpm, a um sistema eléctrico de 70kW e a uma bateria de 0,85 kWh. O conjunto debita 140cv, admitindo cumprir os 0 a 100 km/h em pouco espevitados 10,2 segundos. As prestações contidas, porém, são compensadas pelo comportamento ágil, desenhando curvas sem hesitações e tão depressa deslizando sobre um asfalto impecável como absorvendo quaisquer irregularidades de estradas maltratadas.
Toyota Prius, maturidade híbrida
O Prius foi pioneiro como híbrido. Mas, hoje, com a democratização da electrificação, só isso não o diferenciaria. Por isso, a Toyota optou por lançá-lo numa variante plug-in, unindo um motor a gasolina de 2.0 litros com 151cv a um eléctrico de 163cv, apoiado por uma bateria de 13,6 kWh, para uma autonomia eléctrica de quase 70 quilómetros. E com uma cereja no topo do tejadilho: na versão mais equipada (Premium) pode incluir painéis solares, que recarregam a bateria quando o automóvel está estacionado, o que permite esticar a autonomia eléctrica em mais de oito quilómetros diários.
Em termos dinâmicos, o Prius faz-se valer do facto de assentar na segunda geração da plataforma TNGA-C, o que permitiu à Toyota controlar o peso do automóvel e dar-lhe um centro de gravidade mais baixo, fazendo com que sintamos melhor o asfalto que cruzamos e permitindo curvas impressionantemente bem desenhadas.
Outra novidade é o estacionamento remoto, recorrendo a uma aplicação no telemóvel.
Volvo EX30, animação eléctrica
O mais pequeno SUV do emblema é também o mais rápido, com uma variante capaz de fazer a aceleração de 0 a 100 km/h em 3,6 segundos (!). Mas mesmo o mais “fraquinho” Ultra Single Motor Extended Range, que conduzimos, revela-se animado, com a métrica a cumprir-se em 5,3 segundos (a velocidade máxima é de 180 km/h). E, apesar de se tratar de um SUV, tem uma gestão eficiente da forma como se mexe em curva, admitindo algumas brincadeiras sem que se sinta que o carro está prestes a fugir-nos.
Recorrendo a componentes que também equipam o Smart #1, graças ao facto de a Volvo ser hoje uma subsidiária da chinesa Geely, o EX-30 sobressai entre a multidão pelas linhas sóbrias e elegantes pelas quais a marca sueca é reconhecida. Também no interior dão cartas a simplicidade e uma configuração fácil de apreender desde o primeiro instante.
Os materiais não estão entre os mais nobres, mas nem por isso parecem de baixa qualidade nem são visualmente desagradáveis, reconhecendo-se uma boa montagem.