Raimundo e Tavares uniram-se no direito à greve dos polícias e contra o apelo ao voto útil

No confronto entre o representante da CDU e o co-porta-voz do Livre, a diferença entre as duas forças políticas ficou verdadeiramente marcada quando a União Europeia foi tema de debate.

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Paulo Raimundo debateu com Rui Tavares José Alves
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Os trinta minutos do frente-a-frente entre o representante da CDU e secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, e o co-porta-voz do Livre, Rui Tavares, foram suficientes para mostrar o que une e separa as duas forças políticas. CDU e Livre reconheceram o direito à greve das forças de segurança, com os comunistas a defender também a fusão da PSP e GNR. E juntaram-se ainda na crítica ao apelo ao voto útil feito pelo líder do PS. A opinião das duas forças de esquerda divergiu quando o projecto europeu foi tema de debate.

O início do duelo entre Raimundo e Tavares deu palco ao PS durante breves minutos, com os dois líderes a apontarem o dedo ao apelo ao voto útil feito pelo secretário-geral dos socialistas. No sábado passado, Pedro Nuno Santos disse que votar no PS é a forma de implementar as propostas do Livre.

“Era só o que mais faltava os partidos mostrarem essa auto-suficiência. Votar no PS às vezes nem para implementar as ideias do PS serve”, troçou Rui Tavares. Raimundo continuou: “A história mostra que do PS não virão as soluções necessárias… Não é reforçando o PS que vamos lá”.

Volvido o tema do voto útil, questionado sobre se a CDU admitia reconhecer o direito à greve das forças de segurança, o líder do PCP escusou-se, inicialmente, a responder. Em alternativa, apontou que “o caminho que serve melhor” estas forças é “a fusão das duas: GNR e PSP”. Segundos depois, lá abriu a porta à ideia: “Os polícias podem e devem ter acesso ao direito à greve. Falamos de pessoas com grande responsabilidade, sentido de Estado e os primeiros a defender a Constituição.”

No ar ficou, contudo, a hipótese de a CDU admitir a filiação partidária de polícias e guardas, proposta trazida a debate na passada segunda-feira pelo Chega.

Rui Tavares, por outro lado, foi claro: “A partidarização é um caminho que me parece só interessar a algumas forças políticas... Desconfio dos partidos” que têm esta proposta. Tal como Paulo Raimundo, o líder do Livre defendeu que “o direito à greve deve ser reconhecido”, desde que sejam assegurados “serviços mínimos”.

"Posições divergentes" sobre a UE

No debate entre Raimundo e Tavares, marcado por um tom amigável, os líderes das duas forças políticas conseguiram apresentar propostas concretas e até exemplos práticos para ilustrar a relevância das suas ideias. E só quando o projecto europeu veio a debate ficou claro um dos aspectos em que CDU e Livre são diferentes.

“PCP e Livre têm posições divergentes sobre a União Europeia”, assumiu Rui Tavares. E continuou: “O Livre acredita que o projecto europeu é essencial para ter uma voz na globalização”. Esta é a “única hipótese” de os países europeus se unirem para “lutar contra imperialismos”.

“Somos contra todos [os imperialismos]: o dos Estados Unidos e o russo”, disse, em ataque directo ao PCP, defendendo que “desde que Vladimir Putin assumiu o poder na Rússia, a Ucrânia nunca mais teve sossego”.

Raimundo respondeu que “impõe-se às forças da paz” que construam “caminhos para a paz”, sendo que, para tal acontecer, “todos os agressores têm de recuar”, referindo-se essencialmente aos Estados Unidos e à NATO.

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