Netanyahu quer atacar Rafah mesmo com a grande probabilidade de uma “catástrofe”

Egipto avisa para as “terríveis consequências” do ataque e pede “esforços” internacionais para travar a operação. Biden pediu ao primeiro-ministro israelita que garanta a segurança dos civis primeiro.

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Habitantes de Rafah abandonando a cidade antes da operação israelita MOHAMMED SABER/EPA
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Israel está a preparar um “plano pormenorizado” para atacar Rafah, no sul da Faixa de Gaza, a única cidade do território ocupado palestiniano onde os soldados israelitas ainda não chegaram. Apesar de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter afirmado que irão conceder salvo-condutos aos palestinianos para deixarem a cidade, a verdade é que os palestinianos estão desesperados porque já não sabem para onde ir.

Rafah fica junto à fronteira com o Egipto, onde a situação humanitária já é extremamente difícil, tendo em conta todas as pessoas que aí estão deslocadas do resto do território, e do Cairo chegou a mensagem do Governo egípcio a alertar para as “terríveis consequências” de um ataque israelita contra a cidade.

“O Egipto apelou à necessidade de unir todos os esforços internacionais e regionais para impedir o ataque à cidade palestiniana de Rafah”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio num comunicado.

Apesar de ainda não o ter referido publicamente, dois diplomatas egípcios e um ocidental avançaram, de acordo com a Associated Press, que o Governo de Abdel Fattah al-Sissi ameaça mesmo rasgar o acordo de paz com Israel se o Governo de Netanyahu insistir no ataque.

Numa entrevista à cadeia norte-americana ABC, programada para este domingo, Netanyahu confirmou que a operação vai mesmo acontecer: "Vamos fazê-lo. Vamos acabar com os batalhões terroristas que restam em Rafah, que é o último bastião” do Hamas.

E mesmo perante os palestinianos, as organizações não-governamentais, a ONU e vários governos a insistirem que não há sítio para onde os habitantes de Rafah, ou aqueles que aí procuraram refúgio desde o início da guerra há quatro meses, possam fugir, Netanyahu insistiu que a população tem de “abandonar” a zona.

"Vamos fazê-lo, enquanto abrimos caminho seguro para que a população saia”, indicou o primeiro-ministro. “Parte do nosso esforço de guerra é impedir que os civis fiquem feridos. Parte do esforço de guerra do Hamas é que acabem assim”, declarou, numa altura em que o número de mortos confirmados em Gaza ultrapassou os 28 mil, a maioria civis.

Este domingo, Netanyahu falou por telefone com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que recomendou a Israel não avançar com uma operação militar em Rafah sem antes garantir a segurança do milhão de pessoas que aí está abrigada.

Biden, que há uns dias se referiu às acções militares israelitas em Gaza como “exageradas”, terá conversado com o primeiro-ministro israelita sobre os esforços diplomáticos para conseguir a libertação dos reféns nas mãos do Hamas, de acordo com a informação avançada pela Casa Branca. O Hamas avisou que insistir num ataque israelita àquela cidade palestiniana implicava o fim das negociações para a sua libertação.

“Qualquer ataque pelo exército de ocupação contra a cidade de Rafah irá torpedear as negociações de troca”, disse à AFP um líder do Hamas que pediu para não ser identificado.

A organização palestiniana afirma que uma operação militar contra a cidade será "uma catástrofe e um massacre" e que poderá "resultar em dezenas de milhares" de mortos. A população da cidade mais do que quintuplicou nas últimas semanas, com a chegada de centenas de milhares de pessoas que fugiram da guerra noutras áreas.

Entretanto, o rei Abdullah, da Jordânia, participou este domingo em mais um lançamento aéreo de ajuda de material médico de urgência para os hospitais de campanha em Gaza, de acordo com a televisão pública jordana Mamlaka.

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