Tiago Antunes critica decisão do PS-Açores de inviabilizar governo de Bolieiro e não é o único

A “indisponibilidade do PS-Açores” pode levar “à ingovernabilidade na região” ou “atira o PSD-Açores para os braços do Chega”, alerta o secretário de Estado dos Assuntos Europeus.

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"Não podemos ter qualquer complacência com uma governação extremista", diz Tiago Antunes Nuno Ferreira Santos
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O secretário de Estado dos Assuntos Europeus discorda da decisão tomada pelo PS-Açores de não viabilizar o governo minoritário da coligação PSD/CDS/PPM, liderada por José Manuel Bolieiro. Tiago Antunes considera que a posição transmitida pelo líder do PS regional, Vasco Cordeiro, abre portas a um entendimento entre a direita e a direita radical A opinião é partilhada por socialistas como o deputado Pedro Cegonho, que comentou a partilha de Tiago Antunes na rede social Facebook, e é contrária ao que defende o secretário-geral do partido, Pedro Nuno Santos.

“Grande parte da campanha eleitoral nos Açores assentou, precisamente, na necessidade de impedir um acordo governativo com o Chega e de o deixar fora do arco do poder… Mas a decisão anunciada rompe, na prática, esse cordão sanitário”, começou por escrever Tiago Antunes na sua conta do Facebook, questionando depois o PS regional sobre “como pode agora conformar-se com este desfecho”.

Para o secretário de Estado, o facto de o PS-Açores ter assumido uma posição “antes de o Chega se pronunciar quanto à atitude que tomará na votação do programa de governo regional” incentiva um entendimento entre a coligação da Aliança Democrática regional e o Chega “por falta de alternativas disponíveis”.

A “indisponibilidade do PS-Açores” pode levar a um dos seguintes efeitos, aponta: “Ou conduz à ingovernabilidade na região autónoma, ou atira o PSD-Açores para os braços do Chega”. Criaram-se, com esta decisão, “as condições perfeitas” para um entendimento entre direita e extrema-direita, escreve Tiago Antunes.

“Não podemos ter qualquer complacência com uma governação extremista só pelo prazer de termos o exclusivo de sermos do contra”, ataca o secretário de Estado.

O governante sublinhou ainda que a “proibição constitucional de convocação de eleições nos seis meses posteriores ao último acto eleitoral visa justamente incentivar os partidos a viabilizarem soluções governativas não-maioritárias”. O objectivo é que não se limitem a “remeter a questão da governabilidade para superveniente clarificação eleitoral”, acrescenta.

A opinião partilhada por Tiago Antunes teve o apoio do deputado socialista à Assembleia da República Pedro Cegonho, que disse concordar “plenamente”. Esta posição opõe-se à opinião de Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, que na passada segunda-feira disse: “Seria profundamente negativo para Portugal termos o PS e o PSD comprometidos com a mesma governação.”

Assis e Prata Roque a favor da viabilização

Antes de o PS-Açores comunicar a decisão de não viabilizar o governo minoritário da coligação PSD/CDS/PPM, já Francisco Assis afirmava ao Expresso: “O PS tem a obrigação de viabilizar pela abstenção o Governo da AD.”

Na sua publicação, Tiago Antunes aborda essa opção de voto e comenta: “A viabilização de um governo regional minoritário não implica um voto a favor do programa de governo regional, mas apenas uma abstenção”, cujo objectivo é “não obstaculizar a governação sem, contudo, a sufragar”.

Além de Assis, antes de ser comunicada a decisão do PS-Açores, o ex-secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros Miguel Prata Roque também disse que, “como é óbvio”, o PS “deve abster-se na votação do programa de governo”, viabilizando assim o governo de Bolieiro, citou o jornal Expresso.

Também a antiga deputada ao Parlamento Europeu Ana Gomes defendia esta posição inicialmente, mas acabou por mudar de opinião. Em declarações à TSF, a socialista disse compreender “perfeitamente” a decisão do PS açoriano.

"O Chega, não obstante ter passado toda uma campanha a dizer que o seu objectivo era ir para o Governo, acabou por prescindir de ir para o Governo para viabilizar uma solução de governo do PSD ou da AD”, começou por dizer. E acrescentou que “quando Bolieiro, o líder do PSD e da AD-Açores, não exclui a aliança com o Chega, é evidente que não pode, de maneira nenhuma, exigir ao PS que viabilize nenhuma solução”.

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