Contra o modelo de debates televisivos: Conselho Nacional de Juventude deixa carta aberta

Jovens preocupados com o futuro da política nacional, que é discutido em 13 minutos por candidato.

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CNJ reivindica que 30 minutos não são suficientes para debater propostas Nuno Ferreira Santos
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O Conselho Nacional de Juventude (CNJ) manifestou-se contra o modelo dos debates televisivos das eleições legislativas, pedindo mais tempo, além de 30 minutos. A “visão para um país não se reduz a uma pausa de café”, defendem.

Em carta aberta dirigida ao Presidente da República, à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e aos órgãos de comunicação social, a plataforma que representa organizações juvenis afirma que os “temas ficam sempre pela superfície” em apenas 30 minutos de discussão.

“O Conselho Nacional de Juventude pede mais seriedade, pede mais tempo, pede dignidade num acto eleitoral que assim o exige para o impacto que pode ter. Deste tipo de discussão resta apenas a desinformação, a política do ‘soundbyte’ e dos pequenos cortes de vídeo de um minuto, contribuindo para criar o caos, não sendo fiel aos desígnios que um debate devia cumprir: esclarecer e informar”, lê-se no documento com 62 subscritores.

O texto assinado por deputados, membros das juventudes partidárias e presidentes de organizações de juventude e estudantil alerta que o foco dos debates é “um projecto para o país, não o comentário político ao último caso ou escândalo”, questionando os 13 minutos dado a cada candidato para apresentar propostas.

“Os jovens portugueses não conseguem compreender como ou quem pode considerar de bom senso que um debate sobre o seu futuro possa ser feito em 30 minutos, mas que o comentário televisivo sobre o mesmo possa ocupar horas de emissão e ‘podcasts’ vários”, salienta o CNJ.

Considerando que “o povo português e os jovens” merecem mais do que 13 minutos, o CNJ realça que a atenção deve ser o projecto de cada partido e cada candidato deve ter “tempo para demonstrar e responder o que pensa, tendo de igual forma tempo para ser escrutinado, criticado e questionado”.

“Lutemos por debates informativos, onde se discute o futuro do país com a profundidade que o mesmo merece”, acrescenta. É, ainda, mencionada a emigração, considerada por mais de metade dos jovens portugueses: Vivemos [...] momentos decisivos, onde um jovem decide se fica ou se vai, se pode confiar nos seus representantes ou se prefere desistir e procurar futuro noutro país".

A um mês das eleições legislativas, os debates, iniciados na passada segunda-feira (5), estendem-se por 15 dias e, para o CNJ, devem ter mais "dignidade", já que "2024 é um ano central na democracia portuguesa, com pelo menos três actos eleitorais e cinco décadas de Abril".