Pedro Nuno desafia AD para debate a quatro. PCP e Livre disponíveis para mudar data
PCP diz que a recusa de Montenegro revela a “necessidade do PSD em esconder o seu verdadeiro projecto”. O Livre considera que é “um péssimo sinal para quem almeja ser primeiro-ministro”.
Garantindo que não foge a debates com o PSD, Pedro Nuno Santos desafiou esta quinta-feira a Aliança Democrática (AD) a fazer um debate com os três líderes dos partidos que integram a coligação - Luís Montenegro (PSD), Nuno Melo (CDS) e Gonçalo da Câmara Pereira (PPM) - contra si. Já o PCP recusa debater com outro "interlocutor" da aliança e desafia o presidente do PSD a "reavaliar" a "intenção de fugir do debate" televisivo de sábado. Mas mostra-se disponível, tal como o Livre, para alterar a data. Esperando que se trate de um "mal-entendido", também o partido de Rui Tavares acusa Luís Montenegro de "desistir de debater".
O líder do PS responde, assim, ao facto de ter recusado um frente-a-frente nas rádios com o líder do PSD. E o PCP e o Livre reagem à decisão da AD de substituir Luís Montenegro por Nuno Melo nos debates televisivos com Paulo Raimundo, dia 10, e Rui Tavares, dia 17, por motivos de agenda, como avançou o Diário de Notícias. A intenção já foi rejeitada pela RTP, TVI e SIC.
Em declarações aos jornalistas, no Porto, transmitidas pela RTP3, o secretário-geral dos socialistas assegurou que não está a "fugir a nenhum debate com Luís Montenegro". E, para o mostrar, declarou que aceita fazer um décimo debate, além dos nove já previstos, "com uma condição": "Que o debate seja com Luís Montenegro, Nuno Melo e Gonçalo Câmara Pereira". Pedro Nuno Santos avisa que "o tempo teria de ser igual para mim e eles os três" e lembra que precisa de "fazer campanha", mas insiste que se "aceitarem essa condição", faz mais um debate.
Em comunicado, o PCP reitera que Paulo Raimundo "não aceitará outro interlocutor no debate que não Luís Montenegro, como estava desde o início estabelecido entre os canais de televisão e as diversas forças políticas". E assegura que o secretário-geral "marcará presença na RTP para o debate agendado para o próximo sábado, esperando que Luís Montenegro reavalie a sua intenção de faltar ao debate".
Acusando o líder dos sociais-democratas de "pretender fugir do debate com Paulo Raimundo", o PCP considera que a verdadeira razão para a AD querer trocar Montenegro por Melo é o facto de querer "evitar confrontar-se com quem identifica como a verdadeira força do combate à direita e à política de direita". "Não há subterfúgios que iludam a razão de fuga ao debate", vinca, reforçando que essa "atitude não só empobrece o debate político como é revelador da necessidade do PSD em esconder o seu verdadeiro projecto".
Ainda assim, o partido mostra-se disponível para, "se a razão for a de compromisso de agenda", marcar, "em articulação com o canal de televisão, data alternativa". "Os debates foram organizados sobre determinados pressupostos. Não será por parte do PCP e da CDU que esse momento clarificador de debate não se realizará", garantem os comunistas.
Também numa nota enviada à comunicação social, o Livre diz não acreditar que Montenegro "falte a um compromisso previamente assumido há semanas, trate de maneira diferente partidos democráticos e não tenha tido sequer a cortesia de informar o Livre ou Rui Tavares".
"Desistir de debater é sempre uma derrota maior que um debate mal sucedido", atira o partido, que considera que "este é um péssimo sinal para quem almeja ser primeiro-ministro em Portugal".
O deputado único diz ter, contudo, disponibilidade para "alterar a hora, o dia ou o local, de forma a que este seja mais compatível com a agenda de Luís Montenegro". "Rui Tavares não faltará ao respeito para com os cidadãos que querem ser esclarecidos", compromete-se o partido, esperando que "a situação não passe de um mal-entendido".
Bloco avisa que não há "duas ligas" de partidos
Pelo Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua pergunta "quem tem medo Luís Montenegro" para não querer fazer os debates com PCP e Livre, recusando que haja "duas ligas" em democracia. "Acho que os debates devem acontecer e que os líderes partidários devem representar o seu partido e as suas coligações, tratando todos os partidos por igual. De outra forma não faz sentido e é assim que se faz o processo democrático e o debate democrático", considerou.
Sobre a recusa do líder do PS, Pedro Nuno Santos, de um debate nas rádios com Luís Montenegro, a coordenadora do BE recorreu aos mesmos argumentos. "A democracia faz-se de esclarecimento de ideias. Cada representante de cada partido é representante por uma razão, é porque dá a voz pelas ideias de um partido, dá a voz por um programa eleitoral, embora vários partidos não tenham apresentado ainda o seu programa eleitoral", disse.