IL quer “rombo” nas contas, diz Pedro Nuno. Rocha acusa-o de incompetência

PS e IL deixam decisão sobre viabilização do governo açoriano para as estruturas regionais, mas apoiarão se estas o deitarem abaixo. Pedro Nuno critica “magia fiscal” e Rui Rocha aponta falhanços.

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Ciclo de debates para as legislativas começou com frente-a-frente entre Pedro Nuno Santos e Rui Rocha DR - José Fernandes
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Foi um debate que começou e acabou com acusações mútuas, mas que também trouxe uma novidade sobre o futuro (a prazo) dos Açores: tanto Pedro Nuno Santos como Rui Rocha concordarão e apoiarão a decisão das respectivas estruturas regionais nos Açores se estas decidirem deitar abaixo um executivo minoritário de José Manuel Bolieiro, que no domingo ganhou as legislativas com maioria relativa e logo disse que governará sozinho. Os dois líderes argumentam a sua não-intromissão com o "respeito pela autonomia regional" dos partidos.

No debate com o presidente da IL, Pedro Nuno Santos não quis dizer se tem aconselhado Vasco Cordeiro sobre o que este deve fazer perante a maioria relativa que a AD conseguiu este domingo, apenas afirmou que aguardará a sua decisão e que terá "todo" o seu apoio.

Questionado sobre o que é que a IL ganhou por ter ajudado a deitar abaixo o executivo açoriano, Rui Rocha recusou ter havido uma "derrota pessoal" nestas eleições e alegou que todas as decisões "são tomadas pelo núcleo e pelo deputado regional", mas não recusou a hipótese de apoiar um novo derrube do governo açoriano.

No primeiro dos 28 duelos entre os líderes dos partidos com assento parlamentar que serão transmitidos pelas três televisões de sinal aberto, os dois protagonistas atacaram-se mutuamente nos temas da saúde, impostos e habitação. Divergiram no custo das propostas da IL, que Pedro Nuno contabiliza em 9000 milhões de euros e Rui Rocha em apenas 4000 ou 5000 milhões, na necessidade de descer o IRS, na abertura da saúde a mais actividade privada, na falta de soluções para a habitação pública. "Rui Rocha não vai governar e eu estou preocupado com as contas de dia 11 [de Março]", apontou o socialista.

E como lhe coube rematar o debate, Rui Rocha aproveitou para desferir um feroz ataque a Pedro Nuno Santos, apelidando-o sucessivamente de "incompetente" por ter falhado na habitação, na ferrovia (só fez mais um quilómetro), e na TAP por não ter devolvido, como prometera, os 3200 milhões de euros públicos injectados na empresa.

Pelo meio, o socialista falou da sua estratégia transformadora da economia, em que o Estado escolhe os sectores onde o país deve apostar, e atacou o "plano de redução aventureira dos impostos" dizendo que Rocha nem sabe "o custo das medidas fiscais do seu programa". O liberal replicou querer mexer no IRC para atrair mais investimento estrangeiro, ter licenciamentos mais rápidos e eliminar "taxas e taxinhas", reduzir o IRS para 15% para as famílias terem mais dinheiro no bolso. E considerou que entre os 123 mil milhões de euros de despesa anual do Estado, hão-de encontrar-se 5000 milhões para as medidas da IL.

"No final de um programa destes, o que espera Portugal é a austeridade (...) não podemos ser aventureiros radicais", avisou Pedro Nuno, que lembrou a redução de impostos dos últimos oito anos; Rocha atirou com a taxa de desemprego jovem de 23%.

Na saúde, Pedro Nuno admitiu reactivar as PPP, acusou a IL de querer "desviar dinheiro para os privados", defendeu o Estado social e admitiu haver problemas no Serviço Nacional de Saúde – mas quer esperar pela reforma em curso. Rocha alegou que ser radical é admitir ter idosos à chuva à porta do centro de saúde para conseguir uma consulta, ou esperar 850 dias por uma cirurgia de ortopedia em vez de investir mais no sistema de cheques-cirurgia e consulta.

"Hoje existe complementaridade", apontou Pedro Nuno Santos, que defendeu ser preciso usar "os recursos de forma eficiente", sejam hospitais, enfermeiros ou médicos. Rocha replicou com as propostas da IL: médico de família obrigatório para maiores de 65 anos, grávidas e crianças até nove anos, seja no público ou privado. "Fazem rombo de 9000 milhões e depois passam cheque-ensino, cheque-saúde..."

Sobre a habitação, o socialista alegou que o partido teve que fazer tudo de raiz na habitação pública porque "em 2015 não havia nada". O liberal contrapôs com o licenciamento mais célere, fim do IMT e redução do IVA da construção para 6%.

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