Presidente do SINAPOL diz que não ameaçou boicotar eleições — apenas deixou “alerta”

Armando Ferreira, presidente do SINAPOL, alega que quis apenas “lançar alerta” para uma situação que é “imprevisível” e que os “gestores sindicais não controlam”.

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Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia, diz que quis deixar alerta a Governo e portugueses Nuno Ferreira Santos
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Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), esclareceu este domingo que, com as declarações proferidas ao fim da tarde deste sábado, não quis ameaçar, apoiar ou incentivar qualquer boicote às eleições de 10 de Março. Quis, sim, deixar um "alerta".

O sindicalista foi ouvido na SIC Notícias no sábado na sequência do boicote dos polícias ao jogo entre o Famalicão-Sporting, que levou à existência de confrontos entre adeptos e ao cancelamento da partida, altura em que disse que este tipo de acções de protesto – neste caso pela multiplicação de baixas médicas dos profissionais escalados – se podia repetir noutros jogos de futebol e avisou que “as coisas podiam ganhar outra dimensão”.

Questionado sobre se estava a admitir um boicote às eleições legislativas, afirmou que é “uma forte possibilidade”: “Quem transporta os boletins de voto e as urnas são as forças de segurança”, reforçou.

Chamado a esclarecer estas declarações, que levaram o Ministério da Administração Interna a abrir um inquérito urgente e a convocar o Director Nacional da PSP e Comandante-Geral da GNR para uma reunião neste domingo, Armando Ferreira referiu que estão a ser colocadas "palavras que não disse na sua boca" e que apenas quis deixar um alerta por sentir que tinha essa responsabilidade enquanto "dirigente sindical e cidadão".

"As minhas declarações foram bastante claras. Quando questionado se aquilo que se estava a passar poderia extravasar para outras eventos, eu disse, com base num plano de hipóteses e naquilo que são os sinais que vão chegando e que são preocupantes, que, de facto, no dia 10 de Março, considerando que são as polícias que transportam as urnas e os boletins de voto, isso poderia acontecer", referiu, em entrevista à SIC Notícias na tarde deste domingo.

O responsável alega que quis apenas "lançar esse alerta" para uma situação que é "imprevisível" e que os "gestores sindicais não controlam". Os "sinais preocupantes", segundo explicou, são as conversas e desabafos dos polícias que têm estado presentes nas manifestações, que muitas vezes apresentam ideias de protesto "estapafúrdias" que os sindicatos têm tentado acalmar.

"Não andei a apoiar nada, nem andei a anunciar nada. Num plano de informações que tenho, limitei-me a alertar para um perigo. Volto a dizer, era irresponsável se não o fizesse. Pode haver um risco de ver que as coisas acontecerem, mas não vão acontecer apenas porque eu o estou a dizer", disse.

Armando Ferreira admitiu ainda que não estava à espera da situação que se desenrolou em Famalicão e que, "de repente", foi confrontado com estes acontecimentos. "Fugiu ao controlo dos sindicatos. Todas as estruturas sindicais ficaram surpreendidas com aquilo que aconteceu", disse, referindo ainda que também não tinha conhecimento da concentração de polícias deste domingo no Terreiro do Paço, em Lisboa.

O presidente do SINAPOL não se mostrou alarmado com o processo de inquérito já que está de "consciência tranquila", mas admitiu estar preocupado com as "situações de protestos avulsas" que ganham projecção nas redes sociais. "Temos de ter cuidado e temos de estar unidos, porque não podemos perder a razão agora. Não podemos ter polícias contra polícias", referiu, apontando ainda o dedo ao Governo por não "querer resolver" os problemas dos polícias.

"Estou preocupado com o futuro deste país. E tomara termos eleições e um Governo que resolva o problema dos polícias. Ainda que continue a achar que este Governo só resolve porque não quer. Escuda-se no facto de estar em gestão, mas nós entendemos que as coisas podiam ser resolvidas".

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