Agricultores alentejanos não desmobilizam na fronteira de Ficalho

Declarações da ministra da Agricultura vieram exacerbar a vontade dos agricultores alentejanos para dar continuidade à concentração junto à fronteira. Em Espanha, o protesto será a 6 e de Fevereiro.

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Agricultores cortaram várias estradas no país esta quinta-feira de manhã LUSA/Miguel Pereira da Silva
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Num ambiente calmo, sem conflitos com as autoridades, os agricultores que concentraram os seus tractores e outras viaturas à saída da freguesia de Vila Verde de Ficalho mantinham-se intransigentes ao meio da tarde desta quinta-feira: “Vamos ficar aqui o resto do dia, amanhã e depois se verá como vamos fazer”, sublinhou ao PÚBLICO, Diogo Morgado, realçando o orgulho dos manifestantes por terem desencadeado a luta sem apoio de associações ou confederações de agricultores. Esta quinta-feira, os agricultores cortaram várias estradas no país em protesto pela falta de apoios.

“Não temos ninguém que nos represente. Somos nós próprios”, acrescentou outro agricultor criticando a postura do Governo: “Ontem três ministros vieram dizer-nos que havia 500 milhões de euros para a agricultura, mas esta manhã a ministra da Agricultura [em declarações à SIC] diz que é comissão europeia que tem de actuar e, na melhor das hipóteses, só haverá resposta dentro de dois meses” acrescentou Diogo Morgado.

O agricultor desvaloriza os 60 milhões de euros de ajuda ao gasóleo agrícola que a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, se comprometeu a disponibilizar aos agricultores a partir da próxima segunda-feira. “Esta verba vai beneficiar em apenas dois cêntimos o litro de gasóleo agrícola” explicou o agricultor, frisando que a questão central que motiva os agricultores para a luta “está no corte de 35% nos apoios à agricultura biológica ou 25% para a produção integrada”.

Tractores em Madrid a 13 de Fevereiro

As declarações de Maria do Céu Antunes vieram exacerbar a disposição dos agricultores para dar continuidade à luta que iniciaram na madrugada desta quinta-feira. Ao contrário do que chegou a ser referido não vai haver encontro com agricultores espanhóis na fronteira de Ficalho.

“Disseram-nos que vão iniciar a sua luta no dia 6 de Fevereiro em Sevilha”, onde, neste momento, está a decorrer uma grande concentração de agricultores da Andaluzia, que reclamam o acesso a um maior volume de água para rega e a construção de mais infra-estruturas para o armazenamento dos recursos hídricos, cada vez mais escassos nas regiões do sul de Espanha. E para o dia 13 os tractores irão rumar a Madrid.

Os agricultores alentejanos dizem estar preparados para uma dura luta “acima de tudo pela valorização do sector”, vincou Armindo Guerreiro, frisando que é a primeira vez que participa numa concentração com tractores, inconformado pela forma como sucessivos governos lidam com os problemas dos homens do campo.

O bloqueio no distrito de Beja colocou cerca de 170 tractores e outras viaturas em Vila Verde de Ficalho, e noutras estradas que fazem ligação à localidade espanhola de Paymogo e na estrada que atravessa a serra do Sobral da Adiça.

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