Agricultores desconfiam da promessa do Governo e só desmobilizam com mais garantias de apoio

Protestos de agricultores cortam a circulação de viaturas nos dois sentidos da ligação fronteiriça em Vila Verde de Ficalho.

Foto
O protesto decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de 500 milhões de euros LUSA/NUNO VEIGA
Ouça este artigo
00:00
01:42

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A ligação fronteiriça em Vila Verde de Ficalho está “trancada”. Desde as 2h desta quinta-feira que a concentração de tractores em Vila Verde de Ficalho, a cerca de 5 quilómetros da fronteira com Espanha, cortou a circulação de viaturas nos dois sentidos.

António Diogo, um dos organizadores da concentração, fez ao PÚBLICO o ponto da situação: “Começámos a juntar-nos às duas da manhã e não arredamos daqui enquanto a ministra da Agricultura não garantir os apoios a que temos direito.” “[A promessa feita por três ministros (Agricultura, Ambiente e Finanças)] deixa-nos muitas dúvidas e enquanto não tivermos certezas não desmobilizamos”, declarou o agricultor recordando as “piruetas” do Governo. “Primeiro considerou excessivo 35% dos apoios às produções biológicas, agora disponibiliza 500 milhões.”

Ao início desta manhã discutia-se a junção com os agricultores espanhóis próximo da povoação de Rosal de La Frontera, para dar mais força às reivindicações nos dois lados da fronteira.

“Não basta dizer que vai disponibilizar 500 milhões agora que nos movimentamos. Primeiro tiraram-nos os apoios e agora vêm com a promessa que querem repor”, diz António Diogo, destacando o cepticismo dos agricultores em relação aos compromissos do Governo.

O agricultor disse que estão concentrados à saída de Ficalho cerca de “170 tractores e muitas carrinhas e mais de uma centena de agricultores”. Mas o impacto maior da concentração reflecte-se no número de viaturas pesadas que se encontram retidas em Espanha e Portugal. “Temos informações [às 10h desta quinta-feira] que no Rosal de la Frontera estão paradas cerca de 30 viaturas pesadas e em Ficalho travámos a circulação de cinco camiões, mas temos informação que em Beja pararam a sua marcha dezenas de camiões.”