EUA dizem que destruíram drones iranianos e dos houthis no Iémen
Washington justifica nova vaga de bombardeamentos com “ameaça iminente” aos navios comerciais e à Marinha norte-americana. Houthis insistem: navios americanos e britânicos são “alvos legítimos”.
Os Estados Unidos anunciaram que levaram a cabo uma nova vaga de bombardeamentos contra posições e armamento dos houthis no Iémen entre a noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta-feira.
Segundo o Comando Central das Forças Armadas dos EUA, o contratorpedeiro USS Carney abateu na quarta-feira um míssil balístico antinavio “disparado a partir das áreas do Iémen controladas pelos houthis” para o golfo de Áden e três “UAV [veículos aéreos não tripulados] iranianos” nas “suas proximidades”.
Horas depois, já na quinta-feira de madrugada, fonte do comando central norte-americano disse que “realizou ataques” contra uma “estação terrestre de comando” de drones do grupo rebelde que controla partes do território iemenita, e que destruiu dez drones que estavam prestes a ser lançados num ataque.
CENTCOM Self-Defense Strike Against Houthi UAVs and Ground Control Station pic.twitter.com/9LUKQS2HEB
— U.S. Central Command (@CENTCOM) February 1, 2024
Fonte do comando central declara que se agiu em “legítima defesa”, uma vez que, argumenta, estes alvos “representavam uma ameaça iminente aos navios mercantes e aos navios da Marinha dos EUA”. “Estas acções irão salvaguardar a liberdade de navegação e tornar as águas internacionais mais seguras”, garantiu, numa mensagem publicada no X (antigo Twitter).
A nova vaga de bombardeamentos dos EUA contra os houthis no Iémen foi anunciada poucas horas depois de o grupo rebelde, apoiado pelo Irão, ter dito que tinha atingido um “navio mercante” norte-americano no mar Vermelho.
A empresa de segurança marítima Ambrey deu conta de uma explosão numa embarcação que operava a sul do porto de Áden, mas não revelou o seu nome, proprietário ou bandeira.
Os houthis identificaram o navio alegadamente atingido como “KOI”, que a Reuters diz ser um porta-contentores operado pela empresa Oceonix Services, com sede no Reino Unido e com bandeira da Libéria.
Citado pela BBC, um porta-voz dos houthis disse que a embarcação tinha como destino os “portos da Palestina ocupada” e afiançou que o grupo “não vai hesitar” em retaliar contra a “escalada anglo-americana”.
“Todos os navios americanos e britânicos nos mares Vermelho e Arábico são alvos legítimos para as forças armadas iemenitas [dos houthis, não reconhecidas internacionalmente], enquanto a agressão anglo-americana contra o nosso país continuar”, afirmou o porta-voz do grupo rebelde.
Os houthis têm justificado os ataques que têm levado a cabo, há várias semanas, contra navios comerciais, e não só, numa das rotas marítimas mais importantes do mundo, como uma reacção à operação militar de Israel na Faixa de Gaza e como gestos de solidariedade com o povo palestiniano.
Met with UK Defense Secretary @grantshapps today to discuss support for Ukraine, freedom of navigation and maritime security in the Red Sea, and the recent attack on U.S. forces in Jordan. The United States will hold accountable those responsible for the attack. pic.twitter.com/GWukm6JBIg
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) February 1, 2024
O impacto das actividades bélicas do grupo armado no comércio regional e mundial acabou por levar os EUA e o Reino Unido a intervir, realizando ataques direccionados contra posições dos houthis, que dizem que têm como objectivo “proteger a liberdade de navegação” no mar Vermelho e travar o alastramento do conflito, iniciado com o ataque do Hamas contra Israel, a 7 de Outubro, pela região alargada do Médio Oriente.
Aparentemente, não estão, no entanto, a conseguir cumprir este segundo objectivo. No passado sábado, três soldados norte-americanos morreram e mais de 30 ficaram feridos num ataque com drones contra uma base militar na Jordânia, atribuído a grupos pró-Irão da Síria e Iraque.
Na quarta-feira, Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, recebeu Grant Shapps, ministro da Defesa britânico, em Washington. Numa mensagem publicada no X, o chefe da diplomacia dos EUA confirmou que “a liberdade de navegação e a segurança marítima no mar Vermelho e o recente ataque às forças dos EUA na Jordânia” foram alguns dos assuntos em discussão.